Um jornal da cidade de São Paulo resolveu testar a qualidade dos óculos 3D, distribuídos gratuitamente, nos cinemas da cidade. No primeiro cinema testado, os óculos fornecidos aos usuários eram anatômicos e confortáveis, não machucavam o rosto durante projeções longas. No segundo cinema, os óculos eram entregues aos usuários embalados e limpos, mas as hastes apertavam a cabeça durante o filme. No último cinema, os óculos foram entregues, ao jornalista que realizava o teste, quebrados e sujos. Ele teve de trocá-los, pois além de tudo, apertavam muito o nariz durante a exibição do filme.
Para assistir a superproduções em 3D, cada pessoa recebe um par de óculos especiais, com lentes coloridas ao entrar na sala de cinema. “Ao receber os óculos e antes de colocá-los, é preciso fazer uma limpeza com um lenço de papel e álcool em gel, pois nem sempre os cinemas tomam este cuidado. O ideal seria que estes óculos já tivessem seu preço embutido no valor do ingresso e cada espectador recebesse um. Estes produtos deveriam ser descartáveis”, defende o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Em fevereiro deste ano, o Ministério de Saúde da Itália confiscou cerca de 7 mil unidades de óculos 3D de cinemas italianos. As autoridades afirmam que os óculos não eram devidamente higienizados entre as sessões do filme e não tinham etiquetas indicando que não prejudicariam a visão dos usuários, em curto prazo.
Incômodos com a projeção 3D
O uso da tecnologia de terceira dimensão dá às pessoas uma idéia da profundidade real e não só parcial, como acontece com as telas de cinema convencionais. “O que ocorre é que o cérebro funde as imagens captadas por cada olho. Com o recurso dos óculos especiais distribuídos no cinema, as imagens projetadas são isoladas e ampliadas. Isso exige um esforço muscular, ainda mais quando a capacidade de visão de cada olho é diferente uma da outra. O incômodo não é regra, mas ele acontece em casos pontuais. Algumas pessoas relatam dores de cabeça, enxaquecas, enjôos, tonturas após o uso dos óculos”, informa Centurion.
Para o médico, os óculos 3D não causam problemas de visão, mas podem servir de alerta para diagnosticar algum vício de refração, como miopia, hipermetropia ou astigmatismo. Dores de cabeça e a sensação de vista cansada, sintomas apresentados pelo espectador durante o filme, podem ser decorrentes de algum problema de visão já existente e ainda não diagnosticado. “Assim, a recomendação é que a pessoa que apresentou problemas na visão, usando os óculos 3D, procure um oftalmologista para fazer um exame de rotina. Outra recomendação é para os que usam óculos ou lentes de contato, eles não devem ser retirados para ver o filme. O óculos 3D deve ser usado sobreposto ao óculos que é usado habitualmente”, aconselha o diretor do IMO.
Prevenindo a conjuntivite
O uso dos óculos 3D é fundamental para que se obtenha a sensação de tridimensionalidade proposta pela produção cinematográfica, mas, ao passar de rosto em rosto, e de mão em mão, a cada sessão, podem disseminar agentes viróticos e bacterianos. Óculos não são artigos para passar de mão em mão, de rosto em rosto… Uma pessoa ao falar, tossir ou espirrar expele gotículas de secreção que respingam nos óculos, sem falar nas mãos contaminadas que os pegam, pois nem todos os usuários do cinema obedecem aos cuidados de higiene recomendados, após tocarem em botões de elevador, manusearem dinheiro, maçanetas de carros e portas. Mãos sujas que coçam os olhos podem facilmente provocar uma conjuntivite. E como os óculos 3D são de uso coletivo, a doença pode se espalhar…
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, uma membrana delgada e transparente que reveste a parede do globo ocular e das pálpebras. Em geral, a doença acomete os dois olhos, perdura de uma semana a 15 dias, mas não costuma deixar sequelas. A doença, que incomoda e interfere na vida social do indivíduo, tem como principais sintomas:
- Olhos vermelhos e lacrimejantes;
- Pálpebras inchadas;
- Sensação de areia ou de ciscos nos olhos;
- Secreção;
- Coceira.
Tipos de conjuntivite
A conjuntivite infecciosa é causada por vírus, bactérias fungos ou protozoários. A conjuntivite não-infecciosa é provocada por agentes externos irritantes, que podem dar origem à conjuntivite alérgica, química ou traumática. As conjuntivites infecciosas são altamente contagiosas. É oportuno esclarecer que somente o oftalmologista pode fazer o diagnóstico correto do tipo de conjuntivite de cada paciente, antes de prescrever o tratamento adequado.
Ao suspeitar de conjuntivite, o paciente não deve sair por aí, comprando remédios indicados por amigos. A indicação de qualquer remédio só pode ser feita por um oftalmologista. Alguns colírios são altamente contra-indicados porque podem provocar sérias complicações e agravar o quadro de inflamação. Uma vez diagnosticada a provável causa da conjuntivite, o oftalmologista pode prescrever o tratamento adequado. Se esta tiver origem bacteriana, utiliza-se a antibioticoterapia. Se a causa for virótica, emprega-se o tratamento para alívio dos sintomas, bem como hábitos especiais de higiene, ajudando desta forma, a controlar o contágio e a evolução da doença.
De uma maneira geral, quem está acometido pela conjuntivite deve redobrar os cuidados com a higiene dos olhos e das mãos. Lavar bem os olhos e fazer compressas com água gelada – que deve ser filtrada e fervida – ou com soro fisiológico ajudam a aliviar os incômodos causados pela doença. Se o paciente acometido pela conjuntivite fizer uso de lentes de contato, o mais sensato é suspender o uso e utilizar os óculos até que a inflamação seja curada.
Recomendações do IMO
Para prevenir a transmissão, enquanto estiver com conjuntivite, são recomendadas as seguintes precauções pela equipe de Oftalmologia do IMO:
- Lave com frequência o rosto e as mãos, veículos importantes para a transmissão de micro-organismos;
- Aumente a freqüência de troca de toalhas ou use toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos;
- Não compartilhe toalhas de rosto;
- Troque as fronhas dos travesseiros diariamente enquanto perdurar a crise;
- Lave as mãos antes e depois do uso de colírios ou pomadas e, ao usá-los, não encoste o bico do frasco no olho;
- Não use lentes de contato enquanto estiver com conjuntivite, ou se estiver usando colírios ou pomadas;
- Não compartilhe o uso de óculos – para correção de refração, de sol ou 3D – esponjas, rímel, delineadores ou qualquer outro produto de beleza;
- Evite coçar os olhos para diminuir a irritação;
- Evite aglomerações ou frequentar piscinas de academias ou clubes;
- Evite a exposição a agentes irritantes (fumaça) e/ou alérgenos (pólen) que podem causar a conjuntivite.