Uma visão borrada contribui para o risco de cair dos idosos – mas adquirir óculos novos com uma grande mudança na prescrição pode aumentar o risco em vez de diminuí-lo, de acordo com um artigo publicado na Optometry and Vision Science.
“Os oftalmologistas podem ajudar a prevenir quedas, evitando uma correção da visão excessivamente agressiva em pacientes idosos. Os pesquisadores estudaram os efeitos da visão turva e da correção da visão na prevenção de quedas entre idosos. O estudo fornece alguns insights muito interessantes sobre como isso pode acontecer e como os oftalmologistas podem ajudar a minimizar quedas relacionadas à perda de visão”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Correção de visão pode aumentar o risco de queda
As quedas são a principal causa de morte acidental e de lesões não fatais em idosos norte-americanos. Pelo menos um terço dos adultos saudáveis com 65 anos ou mais caem pelo menos uma vez por ano. Para aqueles com 90 anos ou mais, o risco aumenta para cerca de 60%.
“Mas as quedas dos idosos não são acidentes. Na maioria das vezes, elas estão relacionadas a uma ampla gama de fatores de risco, incluindo idade avançada, deficiências, fraqueza muscular e muitas condições médicas diferentes. Quanto mais fatores de risco o idoso apresentar, maior a probabilidade de quedas”, afirma o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.
A redução da visão é um importante fator de risco, sugerindo que as intervenções para corrigir a visão – particularmente o uso de óculos e a cirurgia de catarata – reduziriam o risco de queda. Surpreendentemente, no entanto, a maioria dos estudos mostrou pouca ou nenhuma redução nas quedas entre os idosos que receberam uma nova prescrição de óculos.
“Na verdade, a ampliação da prescrição dos óculos verificada no estudo pode contribuir para o aumento do risco, durante a fase de adaptação aos novos óculos. Idosos podem ter mais dificuldades em se adaptar a essas mudanças e correm maior risco de cair durante este período de adaptação”, diz Caballero.
O aumento da prescrição pode fazer os objetos parecerem mais próximos ou mais distantes do que realmente estão, afetando os reflexos que ligam o sistema vestibular (equilíbrio) aos movimentos dos olhos. Para pacientes idosos que não estão habituados a lentes bifocais e “progressivas” – com diferentes áreas de correção para visão de perto e à distância – a mudança para esse tipo de lente pode causar distorção na visão periférica.
Se maximizar a correção da visão não for a resposta, o que os oftalmologistas podem fazer para evitar o risco de quedas em pacientes idosos?
“Um importante primeiro passo é avaliar os fatores de risco, incluindo histórico de quedas, condições médicas e medicamentos usados. Além disso, os pesquisadores propõem uma abordagem ‘conservadora’ para a prescrição de novos óculos para idosos com histórico de quedas ou com fatores de risco para quedas. Se um paciente não relata problemas de visão e solicita novos óculos, os autores recomendam: ‘se não está quebrado, não troque os óculos’”, afirma o oftalmologista Juan Caballero.
O oftalmologista também sugere manter o mesmo tipo de lente (bifocais, lentes progressivas, etc) a menos que haja uma razão significativa para a mudança. Lentes progressivas ou bifocais nunca devem ser prescritas para pacientes que estão acostumados a usar lentes monofocais e que podem ser classificados como em risco de quedas. O estudo controlado randomizado mostrou que fornecer um par adicional de óculos para a correção da visão à distância, em oposição às lentes de adição bifocais ou progressivas, pode reduzir a taxa de quedas.