Um estudo, publicado no Journal of Vision, recente mostra que o reflexo visual infantil pode melhorar, ou seja, os bebês e as crianças de até três anos demoram mais para observar novos estímulos visuais e são menos exatos em seu olhar do que os adultos, mas melhoram lentamente enquanto envelhecem. “Os resultados reforçam a importância de criar ambientes estimulantes para as crianças e de estabelecer uma linha de base importante, uma vez que a detecção de distúrbios do desenvolvimento depende cada vez mais do rastreamento dos movimentos oculares”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
A literatura que se debruça sobre os movimentos oculares dos bebês é muito escassa. Baseia-se em estudos dos anos 70 e 80 com base em algumas observações coletadas de algumas crianças, o que torna as conclusões frágeis.
Para se aprofundarem no tema, os pesquisadores desenvolveram um teste simples envolvendo um personagem de desenho animado que aparece aleatoriamente em uma tela de computador para avaliar o tempo de resposta visual e a precisão visual de crianças em creches em Paris, na França. Os dados dos adultos foram comparados com os das crianças. Duas diferenças principais entre crianças pequenas e adultos foram encontradas além de uma observação inesperada.
“Primeiro, leva mais tempo para que os bebês estejam cientes de que algo apareceu na tela e mais tempo para olhar para esse ‘algo novo’. Em segundo lugar, os movimentos oculares infantis são um pouco menos precisos que os dos adultos. Esses resultados eram esperados, uma vez que as regiões cerebrais que produzem esses movimentos oculares não estão totalmente maduras na faixa etária estudada”, afirma o oftalmopediatra do IMO, Lucas Brandolt Farias.
Segundo Lucas Farias, “surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os movimentos oculares em bebês e crianças pequenas ficaram mais precisos ao longo do teste. Este resultado reforça a ideia de que os bebês podem aprender e melhorar seu comportamento, e que as experiências e ambientes novos são importantes para o desenvolvimento da criança”. Os autores do trabalho sugerem que “simplesmente sair” já é uma boa maneira de desenvolver a curiosidade de uma criança.
Uma pesquisa futura examinará durante quanto tempo os bebês e as crianças podem lembrar-se do que aprenderam com o teste, bem como em que idade adquirem a precisão necessária para ler e escrever. Finalmente, a equipe de pesquisadores irá estudar também como as crianças aprendem a concentrar sua atenção em certos estímulos (como os pais) enquanto ignoram as distrações (como a TV).