A rubéola é uma doença aguda e altamente contagiosa causada pelo Togaviridae, um vírus do gênero Rubivirus. Seu principal sintoma é o exantema, pequenas lesões avermelhadas, parecidas com as do sarampo, que geralmente começam na face e depois se espalham pelo corpo todo. “A vacina contra a rubéola, que faz parte do Calendário Oficial de Vacinação Brasileiro, confere proteção eficaz contra a doença e a primeira dose deve ser ministrada às crianças no primeiro ano de vida e aos adultos, especialmente às mulheres, que ainda não entraram em contato com o vírus”, explica o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Até o dia 12 de setembro, o Ministério da Saúde promove a maior campanha de vacinação contra a doença já realizada no mundo com o objetivo de imunizar indivíduos adultos. Os homens são o principal foco da campanha neste ano, uma vez que, em anos anteriores, o público-alvo eram as crianças e as mulheres. Para se ter uma ideia, dos 8.684 casos de rubéola confirmados no país, em 2007, 70% deles correspondem a pacientes homens. Mas para eliminar a circulação do vírus no país é fundamental vacinar também as pessoas do sexo feminino. Ao todo, 35,3 milhões de mulheres devem ser imunizadas.
Rubéola congênita
O vírus da rubéola pertence à família do Rubivirus e é transmitido pelas gotículas de saliva eliminadas quando o portador do vírus ou da doença fala, tosse, espirra. Não necessariamente esse indivíduo fica doente e manifesta os sintomas característicos da rubéola: febre, dor nas articulações, erupção cutânea, aumento de gânglios. Muitas vezes, o portador é saudável, mas carrega o vírus na garganta, excreta-o na saliva e transmite-o para outras pessoas. A maioria das pessoas que adquire o vírus da rubéola não adoece, mas desenvolve uma forma assintomática ou sub-clínica da infecção e transmite o vírus por um tempo. O período de transmissão começa dez dias antes de o exantema aparecer e persiste por mais quinze dias depois de seu desaparecimento. “O tempo em que a transmissão do vírus ocorre, sem que haja sinais evidentes da doença, é longo. Na verdade, mais ou menos 20% dos infectados desenvolvem os sintomas. Os outros 80% são assintomáticos, apesar de estarem transmitindo o vírus”, informa a oftalmopediatra do IMO, Maria José Carrari.
O vírus da rubéola é chamado de teratogênico, pois tem a capacidade de provocar alterações nos tecidos em formação. “Por isso, quanto mais no início da gestação a mulher for infectada por ele, maior é o dano para a criança. Nos últimos meses, o impacto tende a ser menor sobre o feto. Ou seja, nos primeiros três meses da gravidez, os tecidos do feto são muito imaturos e qualquer interferência viral provoca comprometimento mais intenso do que provocaria em tecidos já formados”, explica a médica.
Essas alterações ocorrem porque o vírus da rubéola atravessa a placenta e se instala nos tecidos fetais. “Em geral, o vírus da rubéola tem predileção por tecidos do sistema nervoso e por tecidos cardíacos, mas pode provocar também alterações ósseas. A fontanela ou moleira da criança, que deveria fechar-se com o tempo, permanece aberta e podem permanecer abertos também os dutos do coração. Como os olhos nada mais são do que prolongamentos cerebrais – na verdade, são a parte do cérebro que capta a imagem porque a outra está coberta pela calota craniana -, essa predileção pelo tecido nervoso pode provocar cataratas, cegueira e microftalmia. Esse acometimento do cérebro pode causar também retardo mental”, alerta a oftalmologista Maria José Carrari. A microftalmia é um tipo de malformação dos olhos, que não crescem. “São globos oculares pouco desenvolvidos não preenchem a fossa ocular”, diz a médica.
Hoje, já existem técnicas para verificar a presença do vírus da rubéola na circulação sanguínea ou no líquido amniótico, o que permite ao médico identificar a infecção e se há algum dano instalado capaz de inviabilizar ou comprometer a qualidade de vida da criança. O ideal é que toda mulher que pretenda engravidar faça o exame de sangue para saber se está imunizada contra a rubéola. “Esse exame faz parte da lista de exames pré-nupciais que nem sempre são feitos antes do início da vida sexual. Por isso, todas as mulheres que pretendem engravidar devem fazer o teste sorológico para saber como anda sua imunidade para a rubéola. Se ficar constatado que não são imunes, precisam tomar a vacina, que é extremamente eficaz – a eficácia da vacina está próxima de 100% – e previne a síndrome da rubéola congênita”, esclarece Maria José Carrari.
Se o exame de sangue revelar que há anticorpos protetores contra a doença, essa mulher não precisa tomar a vacina, porque já foi vacinada ou já entrou em contato com o vírus no passado e está imunizada. Caso contrário, a vacinação é obrigatória. “É preciso lembrar que a vacina contra a rubéola é fabricada com o vírus vivo, embora atenuado na sua capacidade de produzir a doença. Portanto, a mulher não pode estar grávida no momento de tomar esta vacina, pois esse vírus pode causar alterações fetais. É importante saber também que uma vez vacinada, o ideal é que a mulher espere quatro semanas para engravidar”, recomenda a oftalmopediatra.