O Ceratocone (Cerato = córnea + Cone = forma cônica), é uma doença caracterizada pelo progressivo afinamento e aumento da curvatura da córnea. À medida que a córnea gradativamente se modifica, o paciente percebe uma baixa da acuidade visual.
A baixa da acuidade visual se traduz ao paciente como dificuldade para enxergar. Conforme o ceratocone vai evoluindo, vai comprometendo ainda mais a visão do indivíduo.
A doença pode afetar severamente a forma de perceber o mundo, incluindo tarefas simples como dirigir, assistir TV ou ler um livro. Além disso, ela pode afetar os dois olhos de maneira diferente, sendo que um pode ser mais comprometido que o outro.
O Ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea, ainda de causa desconhecida, e pode levar ao desenvolvimento de altos graus de astigmatismo e miopia, comprometendo ainda mais a visão.
Após o diagnóstico de Ceratocone, os exames oftalmológicos devem ser realizados com maior frequência para monitorar a progressão da doença.
Quem é acometido pela doença
Diferente de outras doenças oftalmológicas, o ceratocone inicia-se na infância, adolescência ou no início da vida adulta.
É uma doença rara, que acomete entre 0,5% e 3% da população mundial, e apenas 1% a 2% da população brasileira.
O Ceratocone pode evoluir rapidamente ou levar anos para se desenvolver, isso vai depender de uma pessoa para a outra. Por isso, é muito importante aumentar a frequência dos exames oftalmológicos após o diagnóstico e acompanhar com o oftalmologista a evolução da doença.
Causas do Ceratocone
Não se sabe ao certo o que causa o ceratocone, ou seja, é uma doença multifatorial (resultado de diferentes condições clínicas). Além disso, pode estar associado a patologias como as síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan.
O hábito de coçar os olhos com frequência pode ser um gatilho para o início da doença, por isso, acredita-se que pacientes alérgicos estão mais predispostos a desenvolvê-la, possivelmente devido ao hábito de coçar os olhos.
Sintomas do Ceratocone
- Diminuição da visão na infância e adolescência;
- Mudança frequente de óculos;
- Hábito de coçar os olhos;
- Alergias (rinite alérgica, sinusite);
- Olhos sempre irritados;
- Histórico familiar de ceratocone;
- Diminuição súbita da visão com dor e lacrimejamento;
- Aumento muito frequente e acelerado da miopia e do astigmatismo.
Como se diagnostica o Ceratocone?
O diagnóstico do Ceratocone é obtido através de exames oftalmológicos associados com imagens da córnea.
Alguns exames que podem ajudar o médico a diagnosticar o ceratocone:
Análise Biomecânica da Córnea: Exame que permite medir a histerese (elasticidade) da córnea e estudar a pressão ocular.
Topografia Corneana: Exame para avaliar a curvatura da córnea.
Análise Computadorizada do Segmento Anterior: análise precisa e profunda da superfície anterior e posterior da córnea.
Os estágios do ceratocone
Após o diagnóstico da doença, ela começa a evoluir, e sua evolução é dividida em estágios, que são os seguintes:
Grau 1 – Incipiente
A visão é boa e nem sempre há necessidade de uso de correção óptica.
Grau 2 – Moderado
O paciente apresenta visão embaçada e irregular, e é necessário uso de óculos e/ou lentes de contato.
Grau 3 – Alto
Nesse estágio o paciente apresenta uma visão bem afetada, mesmo com correção óptica.
Grau 4 – Avançado
No último estágio o ceratocone é grave e raro, com a visão quase toda comprometida.
Tratamento do Ceratocone
O ceratocone raramente provoca cegueira, mas pode levar a uma importante perda de visão caso nenhum tratamento seja realizado.
O tipo de tratamento varia de acordo com o estágio de evolução da doença, que vai do uso de óculos ou lentes de contato até a realização de cirurgia.
Quando falamos em tratamento devemos pensar em progressão da doença e reabilitação visual.
Progressão:
Para evitar a evolução da doença utilizamos o Crosslinking, onde ocorre a aplicação de vitamina B2 (Riboflavina) ativada por raios ultravioleta, que promove o enrijecimento do tecido corneano.
O procedimento é realizado em centro cirúrgico, com alta imediata. O epitélio corneano é removido, em seguida a solução de Riboflavina é administrada e a seguir é utilizado uma fonte de raio ultravioleta.
Reabilitação visual:
– Óculos: auxilia no início do tratamento, quando o diagnóstico é precoce.
– Lentes de contato rígidas: por serem rígidas, criam uma superfície refracional ao se sobrepor a deformação corneana do ceratocone, melhorando a visão do paciente. Hoje com as lentes de contato esclerais o paciente tem muito conforto e visão satisfatória.
– Implante de anel intraestromal: é muito útil por regularizar e diminuir a deformação corneana; assim, melhorando a acuidade visual com óculos ou lentes de contato. A cirurgia é feita com anestesia local e dura poucos minutos. Um túnel é criado na córnea a uma determinada profundidade então os segmentos de anel são introduzidos. Hoje, com a possibilidade da criação do túnel com o laser de femtosegundo, é possível determinar com exatidão a profundidade dele.
– Transplante de córnea: considerado atualmente a opção reservada aos casos muito avançados, consiste na substituição de uma córnea irregular ou opacificada por outra com boa transparência e regular. Pode-se substituir todas as camadas da córnea (transplante penetrante), ou apenas as camadas anteriores (transplante lamelar anterior). A grande vantagem do transplante lamelar sobre o transplante penetrante é o menor risco de rejeição e menor tempo de recuperação, mas para isto é imprescindível que as camadas posteriores da córnea do paciente estejam íntegras.
O transplante de córnea tem alto índice de sucesso e a melhora da visão é geralmente muito importante.
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Importância da realização dos exames precoce
Caso sua família tenha histórico de doença do ceratocone, é importante começar a realizar os exames para detectar a doença desde cedo, na infância, para um tratamento precoce que pode ajudar a conter uma evolução acelerada da doença e quem sabe, evitar cirurgias.
Manter contato com seu oftalmologista é essencial!