Coceira, vermelhidão, inchaço, dor e um pouco de dificuldade para enxergar, a alergia ocular ocorre quando uma determinada substância, chamada alérgeno, entra em contato com os olhos. A reação hipersensível é uma resposta de defesa provocada pelo próprio organismo. Segundo o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares, existe uma enorme variedade de alérgenos.
Os mais comuns são encontrados no ambiente doméstico: poeira, pólen, pêlos de animais e determinadas substâncias químicas de medicamentos ou de produtos utilizados na limpeza do lar. O cheiro de casa limpa, agradável e aconchegante pode ser um incômodo. A inalação de produtos de limpeza doméstica aplicados nos cômodos pode desencadear muito mais que acessos de tosse e espirros. Cloratos, por exemplo, presentes em muitos desinfetantes, podem causar desde males respiratórios, como piora em asmáticos, até distúrbios hepáticos e neurológicos. Já as fragrâncias responsáveis pelo cheiro de limpeza podem desencadear alergias. Outra prática comum no cotidiano das pessoas é a automedicação, terceira causa de internação por alergia ou intoxicação aos medicamentos. Os principais vilões são os antiinflamatórios, analgésicos e antibióticos, alguns vendidos livremente porque não há necessidade de receita médica.
Diante desta gama tão ampla de desencadeadores de alergia, qualquer pessoa pode desenvolver uma alergia em algum momento. A suscetibilidade de alguém ser mais ou menos alérgico pode ser uma questão genética, ou ainda, pode ser adquirida ao longo da vida. De tanto ter contato com determinado alérgeno, a pessoa acaba desenvolvendo uma alergia àquela substância. Os usuários de lentes de contato, por exemplo, podem desenvolver uma alergia a algum componente do produto utilizado na limpeza de suas lentes. Geralmente, as alergias surgem na infância. No entanto, os sintomas podem aparecer pela primeira vez em qualquer idade ou até reaparecer depois de vários anos de inatividade. Qualquer pessoa pode desenvolver o problema, independente de idade, sexo ou raça.
Os produtos de maquiagem também podem ser causadores de alergias. Mas a solução para esses casos é a opção pelos produtos hipoalergênicos. Em caso de alergias pelo uso de cosméticos como cremes de rosto, a médica alerta para a suspensão imediata do produto. Deve-se sempre tentar identificar a causa da alergia. Existem testes que podem ser realizados por um dermatologista ou por um alergista para determinar a substância responsável pela alergia.
Mesmo não sendo um quadro grave, a alergia ocular gera alguns desconfortos causados pelos sintomas e pela freqüência com que ocorre. Após muito coçar os olhos, o paciente pode provocar pequenos traumas na córnea, que podem progredir, em alguns casos, para um ceratocone, doença caracterizada pela distrofia que ocorre na córnea e que pode causar baixa acuidade visual.
Tratando o mal
Para tratar a alergia ocular, a primeira atitude é afastar a substância que produziu a reação alérgica. Depois, para combater a resposta do organismo como um todo, a oftalmologista recomenda procurar um alergista. Para crises generalizadas, este profissional indicará uma medicação que atuará em todo o organismo, mas se a situação for localizada somente nos olhos, o medicamento poderá ser tópico, à base de colírios, prescrito por um oftalmologista. Cuidados em relação ao uso de colírios à base de corticoides devem ser observados, pois o uso prolongado destes produtos podem causar o aparecimento de glaucoma e catarata.