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Crianças obesas têm pressão intraocular elevada

crianças obesas

Hispanic boy covering mouth next to broccoli

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Em estudo publicado no Journal of Glaucoma, pesquisadores do Diskapi Children’s Hospital, na Turquia, revelam que cerca de 10% das crianças obesas participantes da pesquisa apresentaram pressão intraocular (PIO), elevada, um grave fator de risco para o aparecimento do glaucoma.

Vários estudos anteriores já haviam sugerido que a obesidade é um fator de risco independente para o aparecimento do glaucoma, mas os testes para chegar a estas conclusões só haviam sido feitos com adultos.

Para o estudo turco, 72 crianças obesas foram comparadas com um grupo controle. Ambos os grupos foram submetidos a uma tonometria de aplanação Goldmann (TAG), a três aferições da pressão arterial e a uma exoftalmometria.

A descoberta é muito importante porque uma pressão intraocular elevada é incomum nessa faixa etária, exceto para os casos com glaucoma juvenil já diagnosticado.

Além do aumento da pressão intraocular em sete (9,7%) crianças obesas – enquanto nenhuma das crianças do grupo controle tiveram aumento da PIO – a variação diurna da PIO foi maior no grupo de crianças obesas (5,4 ± 1,8 mm Hg em comparação com 2,8 ± 0,9 mm Hg, P <0,001).

Nove crianças obesas, ou seja, 18% das crianças também foram diagnosticadas com exoftalmia bilateral, em comparação com nenhum caso no grupo de controle (P <0,001). O sexo não afetou significativamente a PIO em ambos os grupos.

Pressão intraocular elevada em crianças

Os pesquisadores turcos detectaram o aumento da pressão intraocular, mas não diagnosticaram sinais ou sintomas de glaucoma nas crianças que participaram do estudo.

“A gravidade das descobertas justifica-se porque além de seu efeito indireto sobre a pressão intraocular, através da mudança da pressão arterial, a obesidade também é um fator de risco independente para aumento da PIO. O estudo levanta a questão: é necessário aferir repetidas vezes a PIO de crianças obesas?”, questiona o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Já é sabido que o diabetes está associado com o aumento da PIO, mas não necessariamente com o aumento das taxas de glaucoma. A partir do estudo turco, “seria interessante acompanhar estes pacientes, a longo prazo, para ver se a pressão intraocular elevada se traduz em aumento das taxas de glaucoma, no futuro”, observa Centurion.

Doenças de adulto?

Parece estranho falar de doenças infantis nos dias atuais. Mudamos nosso enfoque porque as doenças mudaram. A evolução dos tempos modernos nos trouxe doenças modernas. As doenças infecciosas e parasitárias – grandes preocupações de antigamente – puderam ser prevenidas e tratadas e as mães que fazem o dever de casa, levando seus filhos às campanhas de vacinação, desconhecem problemas como sarampo, catapora, rubéola e coqueluche.

“Agora, os pais precisam aprender outros deveres de casa. O que comprar nos supermercados. Levar ou não as crianças às lanchonetes de fast food. O que levar na lancheira e o que permitir comprar nas cantinas escolares. Tudo isto para prevenir a obesidade”, diz Maria José Carrari, oftalmopediatra do IMO.

Segundo o IBGE, em sua última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009),cerca de 33% das crianças brasileiras estão acima do peso. Esses números fariam um “sucesso enorme” há alguns anos atrás, quando criança gordinha era considerada criança saudável.

“Hoje, a luta é diametralmente oposta, pois sabemos que não há nada de saudável em estar acima do peso. Sabemos, por exemplo, que crianças obesas terão uma expectativa de vida menor do que aquelas com peso normal, pois estarão precocemente expostas aos riscos das complicações da obesidade, como as doenças cardiovasculares e o diabetes, problemas que poderão interferir também na visão da criança”, diz a médica.

As crianças normalmente não têm a sua pressão intraocular aferida. Na verdade, a maioria das pessoas sem sintomas de problemas ou histórico familiar de glaucoma – a menos que precisem de óculos – só medem a pressão intraocular por volta dos 40 anos de idade. A julgar pelo crescimento da epidemia de obesidade no mundo, parece importante que as crianças obesas tenham sua PIO basal aferida muito mais cedo do que as outras pessoas.

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