Um estudo conduzido pela Universidade de Iowa sobre os comprometimentos da visão relacionados ao diabetes traz boas notícias – e algumas más notícias – para os pacientes com sinais desses distúrbios. “Há muito tempo sabemos que os pacientes com diabetes mellitus – Tipo 1 e Tipo 2 – estão em alto risco de desenvolver retinopatia diabética, a causa mais comum de cegueira irreversível em adultos. A perda de visão ocorre devido aos danos microvasculares na retina. Pessoas com diabetes geralmente não estão cientes de que também estão em risco de desenvolver neuropatia diabética retiniana, uma perda de células nervosas da retina”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Por muitos anos, os cientistas acreditavam que os pacientes desenvolviam a retinopatia e, como resultado dos danos aos vasos sanguíneos, mais tarde desenvolveriam a neuropatia. Os oftalmologistas estavam se concentrando na detecção precoce e no tratamento da retinopatia para prevenir a cegueira. Eles pensavam que assim evitariam os danos causados pela neuropatia.
“Nesse novo estudo, no entanto, os pesquisadores descobriram que a sequência de eventos que ocorrem na retina devido ao diabetes é exatamente o oposto dessas crenças de longa data. Os pesquisadores encontraram que os danos ao nervo óptico realmente acontecem primeiro, antes dos danos dos vasos. Mesmo as pessoas com diabetes que não desenvolveram retinopatia podem desenvolver esse dano, e após muitos anos, os danos podem ser graves, semelhante ao causados pelo glaucoma”, afirma o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.
Segundo os autores do trabalho, a ordem de danos na retina do paciente com diabetes é diferente do que se pensava originalmente, e prevenir os efeitos da retinopatia por si só não protegeria os nervos da retina.
No estudo, os pesquisadores analisaram informações de 45 pessoas com diabetes e pouca ou nenhuma retinopatia diabética ao longo de um período de quatro anos. Eles encontraram “perda significativa e progressiva da fibra nervosa e da camada de células ganglionares”, prova de danos aos nervos antes das alterações vasculares tipicamente encontradas na retina dos pacientes com diabetes.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores encontraram o desbaste correspondente da camada de fibras nervosas em seis olhos de pacientes com diabetes e pouca ou nenhuma retinopatia diabética. A camada da retina nesses pacientes era consideravelmente mais fina do que a camada em seis olhos de pacientes que não tinham diabetes. Resultados semelhantes foram encontrados em modelos de ratos diabéticos neste estudo.
“A boa notícia trazida pelo estudo é que uma melhor compreensão da sequência de danos pode levar a novos tratamentos que se concentrem na prevenção dos danos nervosos para, assim, prevenir a retinopatia”, afirma o oftalmologista Juan Caballero.