Pesquisadores de Taiwan descobriram que pessoas com diabetes tipo 2, que tomaram uma medicação comum contra a diabetes, a metformina, tiveram uma taxa significativamente menor de degeneração macular relacionada à idade (DMRI). O estudo sugere que os efeitos anti-inflamatórios e anti-oxidantes da metformina podem proteger contra a DMRI, ao mesmo tempo em que controla o diabetes. A pesquisa foi apresentada na AAO 2018, a 122ª Reunião Anual da Academia Americana de Oftalmologia.
A inflamação e o estresse oxidativo, há muito tempo, são conhecidos por desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da diabetes e da DMRI. Como a metformina suprime a inflamação e o estresse oxidativo, pesquisadores em Taiwan teorizaram que talvez o remédio para diabetes também pudesse proteger contra a DMRI, uma das principais causas de cegueira nos norte-americanos com mais de 50 anos, afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas em todo o país.
Usando o Banco de Dados de Pesquisa do Seguro Nacional de Saúde de Taiwan, eles coletaram dados de todos os pacientes recentemente diagnosticados com diabetes tipo 2, entre janeiro de 2001 e dezembro de 2013, dividindo-os em dois grupos: aqueles que tomaram metformina (45.524 pacientes) e aqueles que não o fizeram (22.681 pacientes).
Depois de acompanhar os dois grupos, por 13 anos, os pesquisadores descobriram que os pacientes do grupo metformina tinham um risco significativamente menor de desenvolver DMRI. Metade dos pacientes no grupo da metformina tinha DMRI em comparação com o grupo controle.
“O estudo é o primeiro a revelar o efeito protetor da metformina no desenvolvimento da degeneração macular. Embora mais estudos sejam necessários para determinar como a metformina protege o organismo contra o desenvolvimento da DMRI, os resultados já são animadores para os pacientes em risco”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
“A DMRI é uma doença degenerativa que ocorre quando parte da retina, chamada de mácula, está danificada. É a parte do olho responsável pela visão central. Precisamos da mácula para ver os objetos à nossa frente. Com o tempo, a perda da visão central pode interferir nas atividades cotidianas, como a capacidade de dirigir, ler e ver os rostos com clareza”, explica o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.
A degeneração macular é uma doença complexa que envolve genética, ambiente, fatores de estilo de vida, como tabagismo e dieta, e doenças sistêmicas, como doenças cardíacas.
“O desenvolvimento da doença não é totalmente compreendido, mas os pesquisadores mostraram que o estresse oxidativo e a inflamação desempenham um papel crítico no aparecimento e na progressão da DMRI. Combater essas duas condições pode ajudar muitos pacientes a manter uma boa visão na terceira idade”, afirma Juan Caballero.