As crianças são menos propensas a serem diagnosticadas com estrabismo, se vivem em comunidades pobres, defende um estudo de pesquisadores da Universidade de Michigan, publicado na revista Ophthalmology.
“O estudo é motivo de preocupação porque o estrabismo pode levar à perda de visão permanente se não tratado, no início da vida, para não mencionar o impacto adverso sobre a autoimagem da criança”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores americanos analisaram dados de 1 milhão de crianças de 10 anos ou menos. Os autores encontraram uma profunda divisão racial nas taxas de diagnóstico de estrabismo. As crianças brancas são duas vezes mais prováveis de serem detectadas com estrabismo do que as crianças negras e hispânicas, uma diferença que os fatores biológicos não podem explicar.Os pesquisadores também notaram diferenças nas taxas de estrabismo com base na comunidade onde a criança vivia.
Os autores do estudo dizem que os resultados destacam a importância de garantir que todas as crianças tenham acesso a cuidados oftalmológicos e a serviços necessários para diagnosticar corretamente e tratar o estrabismo.
O estudo abrangeu crianças com idades entre 10 anos e mais jovens que vivem em Michigan e na Carolina do Norte, que foram identificadas através do Medicaid Analytic eXtract database. A base de dados inclui dados de todas as crianças inscritas no Medicaid nos Estados Unidos.
Importância do tratamento do estrabismo
“O tratamento do estrabismo é conhecido por estar entre as intervenções oftalmológicas mais importantes para a saúde infantil devido às potenciais consequências ao longo da vida de perda de visão irreversível se a condição não for tratada”, afirma a oftalmologista do IMO, Maria José Carrari (CRM-SP: 57.453).
O tratamento pode incluir a cirurgia do músculo do olho ou o uso de um tampão sobre o olho melhor para forçar o olho mais fraco a trabalhar mais duramente e desenvolver uma visão melhor.
“As causas para o aparecimento do estrabismo nem sempre são claras, mas na maioria dos casos, o problema está presente logo após o nascimento. Assim, a avaliação do oftalmopediatra, logo após o nascimento se faz extremamente necessária”, destaca a médica.