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Um estudo publicado na revista Investigative Ophthalmology & Visual Science revelou que entre 40-50% dos idosos com problemas de visão limitam suas atividades rotineiras devido ao medo de cair. Os cientistas alertam que esta “estratégia de proteção” coloca os idosos em risco de isolamento social e de desenvolvimento de outras deficiências. No artigo, denominado Limitação das atividades devido ao medo de cair em idosos com problemas de visão, os pesquisadores compararam exames de pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI), glaucoma e Distrofia Corneana de Fuchs com os exames de um grupo controle, composto por idosos que não apresentavam problemas de visão.

Dos três grupos com limitações visuais, os pacientes com Distrofia Corneana de Fuchs foram os que mais relataram limitação de atividades devido ao medo de cair, seguido por aqueles com glaucoma e pelo grupo com DMRI.

Os pesquisadores se surpreenderam ao constatar que os pacientes com Distrofia de Fuchs eram os mais suscetíveis a limitar suas atividades, bem como o quão frequentemente os idosos com alguma doença ocular relataram limitações de suas atividades devido ao medo de cair. “Sem dúvida, um problema de visão afeta muito a vida do idoso”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Ao todo, a equipe de pesquisadores realizou um estudo transversal de 345 pacientes (93 com a DMRI, 57 com Distrofia Corneana de Fuchs, 98 com glaucoma e 97 integrantes do grupo controle). Questionários e testes de visão foram aplicados em cada um dos pacientes. Apenas 16% dos integrantes do grupo controle com visão normal relataram limitação de atividade devido ao medo de cair em comparação com 40-50% dos pacientes com moléstias oculares.

Os resultados do estudo também mostraram que as pessoas que relataram limitação das atividades devido ao medo de cair eram mais velhas, do sexo feminino, tinham uma pior qualidade de visão, eram mais propensas a ficarem deprimidas e tinham mais comorbidades.

“Estas descobertas não são relevantes apenas para pacientes idosos com doenças oculares, mas para suas famílias, cuidadores, médicos e profissionais que prestam serviços de reabilitação para os que apresentam baixa visão. É importante saber mais sobre quais atividades estão sendo limitadas devido ao medo de cair para que possamos fazer intervenções e ajudar os idosos a se sentirem mais confiantes sobre sua capacidade de fazer essas atividades com segurança”, defende Virgílio Centurion.

O médico lembra também que é preciso não esquecer que as mulheres, em média, vivem mais que os homens, que a incidência de depressão e osteoporose também é maior no sexo feminino, o que requer atenção especial.  “Pacientes idosos que não vão a um oftalmologista com regularidade podem ter catarata não diagnosticada, perdendo, assim, a chance de enxergar melhor, pois o tratamento reverte totalmente o problema, devolvendo a qualidade da visão ao paciente”, destaca o oftalmologista.

Medo de cair na terceira idade…

Para muitos idosos, o risco real e as possíveis complicações das quedas podem ser ultrapassados pelo medo mórbido associado às quedas. Este é um problema circular, diversos estudos têm mostrado que o medo de cair, na verdade, aumenta o risco de queda.

“Muitos idosos, após uma queda, mesmo quando não se ferem, desenvolvem um grande medo de cair. Esse medo pode levá-los a limitar suas atividades, o que os leva à mobilidade reduzida e à perda de aptidão física por perda de massa muscular e de equilíbrio, o que por sua vez, aumenta o risco de cair”, afirma o oftalmologista Juan Caballero, (CRM-SP 63.017), que também integra o corpo clínico do IMO.

O medo, no entanto, é justificado. Em pesquisas realizadas sobre os maiores temores na terceira idade, cair é, invariavelmente, o item no topo da lista, superando o medo do crime e dos problemas financeiros.

O médico destaca também que se um paciente, ou um membro de sua família, já caiu algumas vezes ou chegou perto de cair muitas vezes é muito importante procurar um médico. “Há uma série de pequenas coisas que podem levar a quedas que são corrigíveis. Rever cuidadosamente os medicamentos que podem causar tontura ou sonolência; exames de visão regulares; calçados adequados; uso correto dos dispositivos de marcha – andador ou bengala – também podem ajudar a reduzir o risco de quedas”, alerta o oftalmologista.

Além das medidas mencionadas, é preciso prestar atenção nos riscos ambientais, garantindo, por exemplo, que o idoso tenha iluminação adequada e corrimãos em pontos-chave, como escadas. A prática de exercícios físicos que fortaleçam os músculos e melhorem o equilíbrio, a flexibilidade e a força também são importantes, especialmente para os braços, que podem ajudar a impedir que uma queda aconteça.

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