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Moscas volantes, luzes coloridas, visão borrada e visão em túnel

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Se não há dor, não há moléstia. A máxima não é adequada para os males que acometem a visão. Há diversas doenças oculares em desenvolvimento ou em estágio avançado que não provocam dor alguma no olho, apenas “leves interferências na visão”.

Segundo o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares, “qualquer alteração na visão precisa ser investigada. Há uma tendência natural do ser humano de tentar se adaptar ao desconforto visual. Em alguns casos, o que o paciente chama de desconforto é na verdade o sintoma de uma doença ocular grave. Por isto, é recomendável descobrir a causa da visão borrada, dos halos coloridos e das moscas volantes que você vê, pois estas não são condições normais da visão”, diz.

Moscas volantes

“As moscas volantes ou ‘floaters’ são alterações visuais que se manifestam sob forma de pequenos pontos escuros, manchas, filamentos, círculos ou teias de aranha que parecem mover-se na frente de um ou de ambos os olhos, sendo percebidas mais facilmente durante a leitura ou quando se olha fixamente para uma parede vazia”, explica Virgílio Centurion.

Com o processo natural de envelhecimento, o vítreo – fluído gelatinoso que preenche o globo ocular – contrai-se, podendo se separar da retina em alguns pontos, sem que isto cause obrigatoriamente danos à visão. “As moscas volantes são minúsculas partículas de vítreo condensado, formadas quando o vítreo se solta da retina. Embora pareçam estar na frente do olho, na realidade, elas estão flutuando dentro do olho”, explica o oftalmologista.

Nem sempre as moscas volantes interferem na visão. Porém, quando passam pela parte central da visão, as partículas bloqueiam a luz e lançam sombras na retina, a parte posterior do olho, onde se formam as imagens. “As moscas volantes ocorrem com maior freqüência após os 45 anos, mas podem aparecer desde os 18. São mais comuns entre as pessoas que têm miopia, as que se submeteram à cirurgia de catarata ou ao tratamento com YAG Laser e também entre as que sofrem com uveíte”, informa o diretor do IMO.

Durante o exame oftalmológico, o oftalmologista é capaz de detectar este tipo de alteração através da realização de um mapeamento de retina, que deve ser feito periodicamente nos pacientes que se queixam de moscas volantes.

“Caso as moscas volantes não se encontrem relacionadas a um problema sério, como rasgos na retina, não será necessário tratamento. Com o passar do tempo, elas tendem a diminuir. Mas, se as moscas volantes estiverem associadas a um rasgo na retina, o mesmo deve ser selado com laser, a fim de evitar o descolamento da retina, o que pode ocasionar problemas mais graves”, diz o oftalmologista Virgílio Centurion.

Falta de percepção das cores

A visão das cores é percebida, principalmente, pela mácula, que é a parte central da retina. Assim, qualquer distúrbio que afete a mácula pode causar um distúrbio na visão de cores.

“No entanto é preciso saber que cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres têm alguma versão de ‘daltonismo’, desde o nascimento. Normalmente esta é uma característica herdada geneticamente, que faz com que vermelhos, marrons, roxos e outros tons possam ser confundidos. O roxo pode ser confundido com o azul; laranjas, amarelos e verdes podem parecer muito semelhantes. Nestes casos, geralmente ambos os olhos são afetados igualmente”, explica o oftalmologista Juan Carlos Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.

Há outros distúrbios da mácula que podem levar a uma perda de visão das cores. “Problemas da retina, como a retinopatia serosa central, o edema macular e a própria degeneração macular também podem levar a uma perturbação temporária da visão de cores”, diz o médico.

Certos tipos de catarata também podem afetar gradualmente a visão das cores, mas isso geralmente não é percebido até que a catarata seja removida. “A catarata parece filtrar a cor azul, e tudo parece mais azul, após a extração da catarata”, explica Juan Carlos Caballero.

Distúrbios do nervo óptico, como a neurite óptica, podem afetar muito a visão das cores. Nestes casos, as cores podem parecer desbotadas.

Visão em caleidoscópio

Alterações na visão seguidas de forte dor de cabeça, enjoo, mal-estar, intolerância ao som alto e sonolência são sintomas de uma doença que atinge cerca de 1% da população mundial: a enxaqueca oftálmica ou enxaqueca retineana, também conhecida como aura visual, que se distingue das enxaquecas clássicas por afetar a visão e outros sentidos.

Embora chamada de enxaqueca oftálmica, a doença tem origem neurológica. Trata-se de um distúrbio rápido, intermitente e reversível de circulação cerebral, que precede o aparecimento das crises de dor de cabeça.

“A aura visual pode ter várias causas. O que sabemos é que o período menstrual; o jejum prolongado; o uso de anticoncepcionais; alterações no sono e estresse; o consumo de frituras, café, chocolate e álcool; problemas na coluna cervical e distúrbios da ATM (Articulação Temporo Mandibular) são gatilhos para as crises”, explica Juan Carlos Caballero.

Por se tratar de um problema que afeta primordialmente a visão, os pacientes recorrem, primeiro, aos oftalmologistas para diagnosticar a doença. Após a realização de exames, quando o oftalmologista descarta as possibilidades de problemas no globo ocular, o paciente é encaminhado ao neurologista.

“Como o paciente costuma informar a percepção de luzes (em formato de zig-zag), a perda de metade do campo visual (recuperada com o passar da crise), forte dor-de-cabeça (mais de um lado só, chamada de “hemicrania”), estado nauseoso e fotofobia, tudo ao mesmo tempo, ele teme perder a visão, o que pode ocorrer temporariamente, com alguns pacientes. É por esta razão que o diagnóstico da enxaqueca oftálmica é tão comumente feito pelo oftalmologista”, explica o médico.

Visão em túnel

A “visão em túnel” implica em perda da visão periférica, preservando apenas a visão central, ou seja, o paciente enxerga apenas o que está no centro, tudo ao lado da imagem não é mais percebido pelo olho. Algumas doenças podem causar este tipo de distúrbio, tais como:

  • Glaucoma: “o glaucoma grave pode resultar em perda de quase toda a visão periférica, restando apenas uma pequena ‘ilha’ da visão central. Às vezes, até esta ‘ilha’ de visão também pode ser perdida”, alerta o oftalmologista do IMO;
  • Retinite pigmentosa: a doença é genética e tem caráter hereditário, é mais comum no sexo masculino. “A retinite pigmentosa se traduz numa degeneração progressiva dos fotorreceptores, células do olho que transformam a luz em impulsos nervosos, em seguida, tratados pela retina e enviados ao cérebro pelas fibras nervosas. A doença provoca, primeiro, a degeneração dos fotorreceptores responsáveis pela visão noturna – células conhecidas como bastonetes -, e depois os responsáveis pela visão diurna – cones”, afirma Juan Carlos Caballero;
  • Acidente vascular cerebral: um derrame que envolve ambos os lados da parte visual do cérebro pode eliminar quase toda a visão periférica. Felizmente, esta é uma ocorrência muito rara.

Visão distorcida

A distorção da visão se refere a linhas retas, que não aparecem lineares, mas sim dobradas, tortas ou onduladas. “Geralmente, este distúrbio é causado por uma distorção da retina. A distorção pode anunciar uma perda de visão provocada pela degeneração macular ou ainda outras condições que levem ao inchaço da retina, como o edema macular e a retinopatia serosa central”, explica Juan Carlos Caballero.

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