Com a chegada da estação mais fria do ano, o número de atendimentos oftalmológicos relacionado à Síndrome do Olho Seco e às conjuntivites alérgicas aumenta. “Entretanto não é apropriado classificar estas doenças ‘como típicas do inverno’, porque elas também se manifestam em outras estações do ano. É preferível dizer que as pessoas ficam mais suscetíveis aos fatores que desencadeiam estas doenças durante o inverno”, diz o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, instituto de Moléstias Oculares.
Dentre os fatores que estimulam a manifestação destas doenças nessa época do ano, Centurion destaca a queda de temperatura, a baixa umidade e o resfriamento do ar. Pessoas com alergias devem evitar o uso de cobertores que soltam pêlos. “Para prevenir o surgimento da Síndrome do Olho Seco e das conjuntivites alérgicas, é preciso que as pessoas evitem o acúmulo de poeira em casa, durmam em locais arejados e umedecidos e evitem ambientes climatizados. Os usuários de lentes de contato, por exemplo, devem evitar o uso de lentes de alta hidratação, devem lubrificar, preventivamente, os olhos e devem redobrar os cuidados com a higiene palpebral”, recomenda o diretor do IMO.
Síndrome do Olho Seco
Sensação de estar com “areia nos olhos”, peso nas pálpebras, olhos vermelhos, embaçamento da visão ao fazer algum tipo de esforço visual e sensibilidade à luz aumentada… Quem apresentar algum destes sintomas durante o inverno deve ficar atento e procurar um oftalmologista, pois pode estar sofrendo com a Síndrome do Olho Seco, que, na verdade, é uma deficiência na qualidade e/ou na quantidade de lágrima que o organismo produz.
“Este tipo de problema ocular é muito comum na estação mais fria do ano, mas, por ter causas multifatoriais, pode ser confundido com outros distúrbios como infecções ou alergias oculares”, alerta a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do IMO.
No outono e no inverno, o clima seco e o aumento da poluição, ou seja, fatores ambientais são a maior causa do aparecimento do olho seco. A doença se manifesta mais facilmente devido à baixa umidade do ar, aos ambientes com calefação e ao ar condicionado. Usuários de computadores que, em frente ao monitor, diminuem o reflexo do piscar também podem ser vítimas da doença. O uso inadequado de lentes de contato e algumas cirurgias oculares ou de pálpebra também podem causar a síndrome ou induzi-la, ainda que transitoriamente.
A Síndrome do Olho Seco não escolhe seus alvos por sexo. No entanto, as alterações hormonais femininas geradas na pós-menopausa podem ser desencadeantes do seu surgimento. Tabagismo e distúrbios alimentares também podem levar ao aparecimento do problema. “Entretanto, pessoas com doenças inflamatórias como reumatismo, doenças hormonais como diabetes mellitus ou distúrbios da tireoide apresentam a Síndrome do Olho Seco com mais frequência. Preventivamente, estes grupos devem procurar o oftalmologista, pelo menos uma vez por ano, para prevenir complicações”, alerta Sandra Alice Falvo.
Segundo a oftalmologista, a Síndrome do Olho Seco pode causar desde inflamação até a úlcera de córnea, além de infecções oportunistas, problemas que, em alguns casos – “ainda que muito raramente, podem levar à redução da visão”, diz a médica.
Conjuntivites alérgicas
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, uma membrana delgada e transparente que reveste a parede do globo ocular e das pálpebras. “Em geral, a doença acomete os dois olhos, perdura de uma semana a 15 dias, mas não costuma deixar sequelas”, explica a oftalmologista.
A doença, que incomoda e interfere na vida social do indivíduo tem como principais sintomas:
- Olhos vermelhos e lacrimejantes;
- Pálpebras inchadas;
- Sensação “de areia” ou de corpo estranho nos olhos;
- Secreção;
A conjuntivite infecciosa pode ser causada por vírus, bactérias fungos ou protozoários. A conjuntivite não-infecciosa é provocada por agentes externos irritantes, que podem dar origem à conjuntivite alérgica, química ou traumática. “É oportuno esclarecer que somente o oftalmologista pode fazer o diagnóstico correto do tipo de conjuntivite de cada paciente, antes de prescrever o tratamento adequado”, destaca a médica.
Sandra Alice Falvo reforça as recomendações a respeito da automedicação. “Ao suspeitar de conjuntivite, o paciente não deve sair por aí, comprando remédios indicados por amigos. A indicação de qualquer remédio só pode ser feita por um oftalmologista. Alguns colírios são altamente contra-indicados porque podem provocar sérias complicações e agravar o quadro de inflamação”, alerta.
De uma maneira geral, quem está acometido pela conjuntivite deve redobrar os cuidados com a higiene dos olhos e das mãos. Lavar bem os olhos e fazer compressas com água gelada – que deve ser filtrada e fervida – ou com soro fisiológico ajudam a aliviar os incômodos causados pela doença. Se o paciente acometido pela conjuntivite fizer uso de lentes de contato, ”o mais sensato é suspender o uso e utilizar os óculos até que a inflamação seja curada”, recomenda Sandra Falvo.
No outono/inverno são comuns também as conjuntivites alérgicas. “Deve-se, mais uma vez, tomar um cuidado especial com o tratamento das doenças crônicas, pois tratando a doença sistêmica, a manifestação ocular da doença será menos intensa”, observa a oftalmologista.