
De acordo com um estudo – Cerebral Damage May Be the Primary Risk Factor for Visual Impairment in Preschool Children Born Extremely Premature – publicado no Archives of Opthalmology, a deficiência visual em crianças que nasceram extremamente prematuras está associada às lesões cerebrais e a uma doença ocular chamada retinopatia da prematuridade (ROP).
O estudo dinamarquês analisou dados de 178 crianças pré-escolares que nasceram extremamente prematuras (com menos de 28 semanas de gravidez), entre 2004 e 2006, e de um grupo controle de 56 crianças que nasceram no tempo gestacional apropriado (cerca de 40 semanas).
Os pesquisadores descobriram que os déficits de desenvolvimento global e de deficiência intelectual, que são sinais de dano cerebral, juntamente com uma anormalidade em uma área da retina responsável pela visão nítida (a fóvea), a retinopatia da prematuridade, foram mais comuns entre crianças extremamente prematuras do que no grupo controle.
Consequências da prematuridade
Segundo o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares, os bebês prematuros devem receber atenção especial do oftalmopediatra, isto porque eles são diagnosticados com mais freqüência com estrabismo, descolamento de retina, visão subnormal, altas miopias, hipermetropias, astigmatismo e anisometropias.
A retinopatia da prematuridade é uma das doenças mais comuns que acomete os bebês prematuros, que nascem com peso inferior a 1.500 gramas ou antes de 32 semanas de gestação. “Nessas crianças, os vasos sanguíneos da retina são muito imaturos e começam a se desenvolver de maneira anormal, causando hemorragias que levam à cegueira. O primeiro exame para diagnosticar a doença deve ser feito até quatro semanas após o nascimento”, informa Virgílio Centurion.
Para diagnosticar e tratar a ROP
A única maneira de determinar se a criança prematura está desenvolvendo a retinopatia da prematuridade é através do exame da retina feito pelo oftalmopediatra. Este profissional dilata a pupila da criança com colírios e, em seguida, usando uma fonte luminosa e uma lente especial faz o exame chamado de oftalmoscopia indireta.
Como a luz incomoda e o olho do bebê também é muito pequeno, para manter os olhos abertos, para a realização do exame, muitas vezes, utiliza-se um instrumento simples para abrir as pálpebras durante o exame. Quando este instrumento é usado, antes da colocação dele é instilado colírio anestésico para diminuir o desconforto. Desta maneira, o oftalmologista consegue examinar a retina do bebê.
Este exame não apresenta riscos para o bebê prematuro. É evidente que a luz incomoda a criança e dessa maneira o exame é feito com todo o cuidado e de maneira a causar o menor incômodo. Porém devemos lembrar que, tratando-se de uma doença que leva à cegueira permanente para o resto da vida, esse incômodo é necessário e vale a pena.
Segundo o oftalmologista, nem todos os casos de ROP precisam ser tratados. “Os que não precisam de tratamento clínico deverão ser acompanhados periodicamente pelo oftalmopediatra até que a retina apresente amadurecimento normal dos vasos sanguíneos”, explica.
Entretanto, quando a retinopatia da prematuridade não regride espontaneamente, os vasos continuam crescendo e a retina termina por se descolar. Nestes casos, são necessárias cirurgias que empregam o laser, que podem durar muitas horas e podem não resolver o problema. A criança pode não ficar completamente cega, mas com uma baixa visual muito grave, necessitando de auxílios ópticos visuais para enxergar.