
De acordo com um estudo realizado com mais de 300.000 pacientes pela Escola de Medicina da Universidade de Michigan, pessoas que tomam estatinas para reduzir o risco de doenças cardiovasculares são menos propensas a serem diagnosticadas com a forma mais comum de glaucoma.
Segundo os pesquisadores, o risco para o glaucoma foi reduzido em 8% em pacientes que tomaram estatinas continuamente por dois anos, em comparação com os pacientes que não tomavam estatinas. O estudo, o maior até hoje sobre o tema, foi publicado na Ophthalmology, revista da Academia Americana de Oftalmologia.
Evidências anteriores já apontavam que o uso de estatinas pode proteger o nervo óptico e as fibras nervosas da retina, estruturas que são essenciais para uma boa visão e que são danificadas pelo glaucoma. Para comprovar esta hipótese, os pesquisadores utilizaram dados de uma amostra diversificada da população americana com 60 anos ou mais que tomava estatinas para controlar os níveis de gordura no sangue, uma condição conhecida como hiperlipidemia, entre 2001 e 2009. E neste grupo, avaliaram o risco dos pacientes para desenvolver o glaucoma de ângulo aberto (GPAA).
Segundo o estudo sugere, o uso de estatinas pode ser mais relevante antes que o glaucoma seja diagnosticado ou nos primeiros estágios da doença. “A pesquisa pode levar a novos tratamentos preventivos que poderiam beneficiar especialmente os grupos de maior risco, incluindo negros e aqueles com história familiar de glaucoma”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, CRM-SP 13.454, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Mecanismo de prevenção
“A capacidade das estatinas de reduzir o risco aparente de glaucoma é devida a vários fatores, incluindo um fluxo de sangue melhorado para o nervo óptico e para células nervosas da retina, além de uma melhor saída do humor aquoso, o que pode reduzir a pressão intraocular”, explica a oftalmologista Márcia Lucia da Silva Fagundes Marques, CRM-SP 110.583, que também integra o corpo clínico do IMO.
“É importante destacar também que apesar de muito animadores, os resultados do estudo aplicam-se apenas aos pacientes com hiperlipidemia. Outros estudos são necessários para determinar se as estatinas também podem proteger os pacientes que não têm este diagnóstico ou tenham outras características que diferem da população do estudo. De qualquer forma, celebramos este avanço no manejo de uma doença tão grave”, destaca Márcia Marques.