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Catarata: por que pacientes na faixa dos 40 e 50 anos estão perdendo a visão?

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Artrite, demência, osteoporose: algumas das doenças que tendemos a associar ao envelhecimento e a condições que a maioria de nós não precisaria se preocupar até a terceira idade… Tradicionalmente, a catarata se encaixava nessa categoria também. Mas os principais oftalmologistas britânicos estão relatando um aumento preocupante do número de casos de catarata entre pessoas na faixa dos 40 e 50 anos – 20 anos ou mais antes do esperado. Acredita-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas com 65 anos ou mais na Inglaterra e no País de Gales tenham algum tipo de deficiência visual causada pela catarata.

Mas enquanto a idade média dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata (onde uma lente intraocular artificial é usada para substituir a doença) ainda é 76, os oftalmologistas estão relatando evidências de pacientes desenvolvendo  a doença muito mais cedo na vida.

Mais pessoas com 40 e 50 anos estão se submetendo a cirurgias de catarata do que no passado.  São pessoas mais jovens, que começam a ter problemas para dirigir à noite, que se incomodam com as luzes  brilhantes do tráfego, que começam a enxergar  halos ao redor das lâmpadas de rua.  “Estes são sintomas iniciais clássicos de catarata. E embora o paciente, geralmente não precise de uma operação imediatamente, ele a fará em cerca de cinco anos, quando a condição for progressiva”, afirma  o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares, especialista em retina.

Uma auditoria de 2015 da Optegra Eye Health Care, que realiza cirurgias oftalmológicas de forma privada, descobriu que um quinto das cirurgias de catarata, no Reino Unido, era de pessoas na faixa dos 40 e 50 anos. O que está fazendo com que essa condição relacionada à idade aconteça muito antes?

Obesidade e diabetes

Uma teoria é que a epidemia de diabetes tipo 2 da Grã-Bretanha pode ser em parte culpada, colocando em risco a visão de milhões de britânicos com a doença. O diabetes já está associado a um alto risco de cegueira. Mas isso é geralmente no contexto da versão tipo 1, que afeta cerca de 400.000 pessoas no Reino Unido.

“Esses pacientes podem desenvolver uma condição de cegueira chamada retinopatia, em que a retina, na parte posterior do olho, é prejudicada pelos efeitos da doença na circulação”, explica Virgílio Centurion. Mas os números que poderiam ser afetados pela catarata são muito maiores, já que as taxas de diabetes tipo 2 dobraram, nos últimos 20 anos, devido em grande parte ao aumento da obesidade.

No Reino Unido, uma pessoa em cada dez com idade acima de 40 anos – um total de 4,7 milhões no total – tem a doença. A diabetes é um dos principais fatores de risco que podem resultar no desenvolvimento de catarata. Na verdade, pessoas com diabetes dobram seu risco de desenvolver catarata e podem desenvolvê-las mais cedo na vida. “Isso ocorre porque as pessoas que têm níveis mais altos de açúcar no sangue, como no diabetes, também têm concentrações mais altas de açúcar nos outros fluidos de seus corpos, incluindo o humor aquoso, a substância gelatinosa dentro do olho. Isso pode levar à formação de catarata”, afirma o diretor do IMO.

Uma pesquisa de 2014, realizada por cientistas da Capital Medical University, em Pequim, reuniu dados de oito estudos, envolvendo mais de 20.000 pacientes, sobre diabetes tipo 2 e o risco de catarata, para tentar chegar a uma conclusão sobre esses riscos. Descobriu-se que o risco de catarata foi até 68% maior em pacientes com diabetes do tipo 2 em comparação com voluntários sem a condição.

Luz solar

O diabetes pode não ser o único fator de risco moderno que aumenta as taxas de catarata – a luz solar também pode ser um perigo. Cientistas da Case Western Reserve University, em Cleveland, Ohio, publicaram um estudo, em 2014, mostrando que os raios UVA do sol desencadearam uma reação nociva nas lentes dos olhos, conhecida como glicação das proteínas, levando à nebulosidade.

Alguns profissionais, como pilotos de linhas aéreas, sofrem desproporcionalmente de catarata devido à exposição crônica aos raios UV. E um estudo de 2016, realizado pelo Boxer Wachler Vision Institute, em Beverly Hills, Califórnia, descobriu que os proprietários de veículos com tração para a esquerda apresentavam maior risco de catarata no olho esquerdo do que no direito. O motivo? Os pára-brisas na maioria dos carros são impregnados com uma substância química que protege contra a exposição UVA, mas as janelas laterais muitas vezes não são.

Mais recentemente, especialistas da Universidade de Minnesota estudaram cerca de 45.000 trabalhadores internos e descobriram que aqueles expostos aos mais altos níveis de luz UV, através de janelas, eram 16% mais propensos a precisar de cirurgia de catarata do que trabalhadores da mesma idade expostos a menos luz.

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