Se você tem degeneração macular, pode estar vivendo um dilema: a preocupação com o coronavírus ou a manutenção dos cuidados oftalmológicos durante a pandemia. Especialistas da Academia Americana de Oftalmologia, da Fundação Americana de Degeneração Macular e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia listaram recomendações especialmente para você. Confira!
1. O que você pode fazer para manter a saúde visual durante esses momentos difíceis?
“As conversas entre oftalmologistas e pacientes são o elemento mais importante para estabelecer o curso dos tratamentos oftalmológicos nas circunstâncias atuais. Assim, qualquer mudança na visão deve ser relatada ao seu oftalmologista”, orienta o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, IMO.
Para pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) em sua forma seca e precoce existem recomendações gerais, tais como adiar consultas médicas não urgentes, manter o monitoramento de sua condição em casa e continuar fazendo escolhas de vida saudáveis. Em casa, o paciente com a doença pode acompanhar as mudanças na sua visão usando a Tela de Amsler. É aconselhável fazer o teste pelo menos uma vez por semana.
“Se o seu oftalmologista recomendou suplementos com luteína e zeaxantina, continue fazendo uso deles. Adote uma dieta saudável para os olhos (que também é boa para o coração e para a saúde geral). Se você estiver tomando um suplemento para DMRI que já contenha zinco (incluído nas fórmulas recomendadas pelos estudos AREDS e AREDS2), é recomendável que você não faça uma suplementação adicional para prevenção de gripes ou resfriados, pois isto pode levar à toxicidade por zinco. Verifique com seu oftalmologista se o seu suplemento já pode fornecer todo o zinco necessário para manter seu sistema imunológico em dia”, orienta o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.
2. Tenho DMRI em sua forma seca que, até agora, tem se mantido relativamente estável. Eu tenho uma consulta ocular próxima para monitorar minha condição. Devo manter ou adiar a consulta?
“Se você se julga em risco de complicações do COVID-19 e não detectou nenhuma alteração em sua visão, entre em contato com seu oftalmologista. Ele vai orientá-lo sobre a conduta mais indicada”, afirma Virgílio Centurion.
3. Tenho DMRI em sua forma seca e notei uma mudança repentina na minha visão. Também estou em alto risco de complicações devido ao COVID-19. Devo ver meu oftalmologista agora?
“Nesse caso, ligue para seu oftalmologista para discutir as alterações de visão por telefone para determinar se há algum tipo de emergência de visão. Você e seu médico terão que avaliar a urgência do caso em conjunto para determinar se há necessidade de atendimento presencial”, diz Juan Caballero.
4. Conversei com meu oftalmologista e ele acha importante uma consulta presencial para determinar a causa da minha súbita mudança de visão. Ainda estou preocupado que isso possa me expor ao COVID-19. O que devo fazer?
A maioria das clínicas está tomando precauções extremas e poucos pacientes estão juntos nas salas de espera, já que as consultas essenciais estão sendo reagendadas. “Se o seu oftalmologista considera importante a consulta presencial, é razoável que você pergunte que precauções estão sendo tomadas pela clínica para reduzir o risco de exposição e disseminação da COVID-19. Verifique os cuidados adotados com seu médico. Algumas áreas são mais afetadas pelo vírus do que outras, mas a maioria das clínicas está tentando atender os pacientes da maneira mais segura”, destaca Centurion.
As diretrizes para as clínicas oftalmológicas foram estabelecidas pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, e, além disso, cada clínica estabeleceu sua própria versão desses protocolos; portanto, não se preocupe se as circunstâncias na clínica oftalmológica diferirem um pouco das que você já viu antes.
5. Eu tenho DMRI em sua forma úmida e recebo injeções mensais nos olhos de antiangiogênicos. Também estou em um grupo de alto risco para o COVID-19. Sinto que tenho que decidir entre minha visão e minha saúde. O que devo fazer?
“Estudos confirmam que a manutenção de uma programação regular de injeções oculares é importante para manter a visão que você ainda tem, e a falta de uma consulta pode ter um efeito negativo no seu tratamento. Lembre-se de que as clínicas estão preparando acomodações especiais para pacientes de alto risco. Ligue para a clínica antes da sua consulta para garantir que eles saibam que você pertence a um grupo de risco. Os idosos não devem sacrificar a visão por temer o coronavírus. As injeções de anti-VEGF são essenciais para quem as necessita e não devem ser ignoradas – mesmo em um cenário de pandemia”, defende Juan Caballero.
6. Conversei com meu oftalmologista e percebi que a clínica está atendendo e acomodando pacientes de alto risco com segurança. No entanto, meu transporte até lá parece arriscado (transporte público ou motorista). O que devo fazer?
“Neste período, muitas pessoas estão trabalhando em casa e podem ter mais flexibilidade para ajudá-lo. Se você tem um amigo, vizinho ou membro da família que pode dirigir e te levar até a clínica, essa seria uma opção melhor do que qualquer tipo de transporte público ou compartilhado. Peça ao seu condutor que use uma máscara, use uma também e não tenha vergonha de perguntar sobre a exposição dele ao vírus e que medidas ele está tomando para se manter isolado. Se você precisar usar o transporte público, use álcool em gel 70% para desinfetar o assento e as barras de apoio, use luvas ou similares que também possam ser limpas com desinfetante para as mãos, caso não possa acessar um banheiro. Uma vez na clínica, descarte as luvas e lave as mãos”, orienta o diretor do IMO.
7. O que você pode esperar ao chegar na clínica?
As clínicas oftalmológicas estão tomando precauções para garantir a saúde e a segurança dos pacientes, reduzindo o potencial de transmissão do vírus e reforçando o distanciamento social. Embora cada clínica tenha seus próprios protocolos, as diretrizes gerais são:
- Reagendamento de consultas de rotina de pacientes que não apresentam risco de perda de visão;
- Adiamento de cirurgias eletivas;
- Recomendação aos pacientes com mais de 60 anos, sem problemas oculares urgentes, que fiquem em casa;
- Orientação aos pacientes que lavem as mãos imediatamente após a chegada;
- Diminuição do número de pacientes nas salas de espera;
- Desinfecção regular de superfícies;
- Funcionários usando máscaras e luvas;
- Médicos e enfermeiros usando escudos oculares e orais para impedir a transmissão do vírus durante exames minuciosos;
- Informação aos pacientes que o oftalmologista falará o mínimo possível durante partes do exame e solicitação que o paciente também se abstenha de falar nesses momentos;
- Orientação aos pacientes com sintomas de resfriado, gripe e alergia que fiquem em casa;
- Triagem de pacientes com perguntas sobre febre, tosse, histórico de viagens e histórico de viagens de familiares;
- Solicitação para que os pacientes usem máscara;
- Reagendamento de consultas daqueles que estão doentes, têm tosse ou febre, foram expostos ao COVID-19 ou viajaram recentemente;
- Limitação de apenas um acompanhante para cada paciente;
- Reposicionamento das cadeiras na sala de espera, com um metro e meio de distância;
- Remoção de revistas e da área de bebidas da sala de espera.