O glaucoma é uma das principais causas de perda de visão, afetando cerca de 3 milhões de pessoas, só nos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença afeta mais de um milhão de brasileiros. E atingirá 80 milhões de pessoas no mundo, em 2020. Como não há sintomas no início, cerca de metade das pessoas com a doença não sabe que tem glaucoma.
O glaucoma danifica o nervo óptico, que transmite informações visuais da retina para o cérebro. Normalmente, a doença progride lentamente, destruindo gradualmente a visão periférica. Como as pessoas desconhecem a perda precoce da visão periférica, o paciente pode perder a maior parte da visão, antes mesmo de saber que tem a doença.
“É por isso que recomendamos que todos façam um exame oftalmológico abrangente aos 40 anos. Esta ocasião é a oportunidade de examinar cuidadosamente o olho, incluindo o nervo óptico, quanto a sinais de danos e outros possíveis problemas que podem afetar a visão”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Os indivíduos com maior risco de desenvolver glaucoma são:
- Os que têm mais de 40 anos;
- Os que têm ascendência africana, asiática ou hispânica;
- Os que têm pressão intraocular alta, detectada durante exame oftalmológico;
- Os que são míopes;
- Os que sofreram traumatismo ocular ou lesão ocular;
- Os que tem córneas finas no centro;
- Os quem têm diabetes, enxaquecas, pressão alta, má circulação sanguínea ou outros problemas de saúde.
“O tratamento apropriado para o glaucoma depende do tipo específico e da gravidade da doença. Colírios medicamentosos ou tratamentos a laser são a abordagem inicial mais comum. Além das drogas e da cirurgia, vários estudos recentes sugerem que o estilo de vida também pode ajudar a minimizar o risco de perder a visão para o glaucoma”, afirma a especialista em glaucoma do IMO, a oftalmologista Márcia Lucia Marques.
Dentre os estudos mencionados pela médica destacam-se os listados a seguir:
- Exercitar-se regularmente: um estudo recém-publicado no Ophthalmology mostrou que as pessoas que dedicam-se às atividades físicas podem diminuir a perda de visão causada pelo glaucoma;
- Meditar: um novo estudo publicado no Journal Glaucoma mostrou que um programa de relaxamento com meditação pode reduzir a pressão intraocular em pacientes com glaucoma e melhorar sua qualidade de vida, diminuindo os hormônios do estresse, como o cortisol;
- Não usar o CBD como um “remédio natural” para o glaucoma: o CBD, ou canabidiol, é o componente não-psicotrópico da cannabis e do cânhamo, sendo considerado cura para alguns distúrbios. Um estudo publicado no Investigative Ophthalmology & Visual Science mostra que, na verdade, o canabidiol aumentou a pressão intraocular em camundongos;
- Adotar uma dieta rica em frutas e vegetais, especialmente os verdes e frondosos: um estudo mostrou que as pessoas que ingeriram mais vegetais folhosos tinham um risco 20-30% menor de desenvolver glaucoma. Por quê? Porque os nitratos em vegetais verdes podem ser convertidos em óxido nítrico, o que pode melhorar o fluxo sanguíneo e ajudar a regular a pressão dentro do olho;
- Não fumar: cigarros aumentam o risco de glaucoma e tem um impacto geral negativo sobre a saúde ocular;
- Mantenha um peso corporal saudável: pessoas com um índice de massa corporal (IMC) mais alto têm maior risco de desenvolver diabetes, e ter diabetes coloca as pessoas em risco de glaucoma. Ter um IMC muito baixo também está associado ao aumento do risco de glaucoma.
“Os pacientes geralmente ficam surpresos quando o oftalmologista informa o diagnóstico de glaucoma porque eles não têm sintomas. É por isso que é tão importante fazer os exames oftalmológicos, regularmente, para detectar os sinais de doença que não podemos ver. A boa notícia, vinda dos estudos mencionados, é que além dos tratamentos disponíveis, o estilo de vida, hoje, pode contribuir para a preservação da visão do paciente com glaucoma”, afirma Márcia Lúcia.