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Jogos em 3D não afetam a visão das crianças

jogos em 3D

Children playing video games at breakfast

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Um alerta emitido pela Nintendo comunica que crianças menores de seis anos não devem utilizar jogos em 3D para evitar problemas de visão. De acordo com a empresa, o motivo para o alerta seria que a visão das crianças nessas idades ainda está em desenvolvimento e o jogo em 3D poderia causar impactos negativos no desenvolvimento da visão dos pequenos, pois a tecnologia 3D utilizada leva imagens distintas para cada olho.

O anúncio da empresa surpreendeu a muitos oftalmologistas porque a recomendação da empresa não tem nenhuma base científica. “O fato de você assistir a um filme ou jogar um videogame em 3D não provoca impacto deletério algum. Se a tecnologia 3D prejudicasse o desenvolvimento do olho, muitas empresas de entretenimento e fabricantes de hardware deveriam ser questionados, não apenas a Nintendo,” explica o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Como o 3D é a grande onda do entretenimento, presente em computadores, televisões, cinemas e videogames, é preciso compreender melhor esta tecnologia e se ela afeta ou não a visão. “A literatura científica não confirma a preocupação da Nintendo, nem de diversos pais, sobre o impacto das imagens 3D no desenvolvimento do olho infantil.  Na verdade, o tempo de tela – tridimensional ou não – pode vir a ser um problema. Há uma preocupação crescente de pediatras e de oftalmopediatras em relação ao uso ‘pesado’ e ‘altamente estimulante’ da tecnologia interativa por parte das crianças, que pode prejudicar ou afetar a capacidade da criança de se concentrar e prestar atenção”, alerta a oftalmopediatra do IMO, Maria José Carrari.

Há grande um número de pessoas que relata sintomas desagradáveis após assistir uma produção em 3D. Estes sintomas podem indicar uma série de doenças ou moléstias. “Por exemplo,  alguém que sente dor de cabeça, após assistir um filme em 3D deve investigar a razão desta dor, que pode ser provocada, por exemplo, por uma anisometropia, nome que se dá à condição em que o erro refrativo é diferente entre os olhos”, recomenda Maria José Carrari.

O grande esforço tentando fundir as imagens diferentes apresentadas a cada olho nas projeções em 3D pode causar cansaço visual. “Para ver a imagem em 3D é necessário que a imagem formada em cada olho seja clara. Se seus olhos não estão vendo a mesma imagem, seu cérebro tem que fazer muito esforço para mesclar as duas imagens. Em última análise, é o seu cérebro que está fazendo o esforço que causa a dor de cabeça. O seus olhos estão criando o trabalho extra para seu cérebro”, explica a oftalmologista.

Em condições normais, esta situação de esforço extra para os olhos pode não representar um problema, porque quando uma pessoa apresenta fadiga visual, na frente do computador, ela se levanta por cinco minutos, descansa os olhos e fica bem novamente. “Mas quando você está no cinema, assistindo um filme, você tem que se concentrar mais para fundir as imagens. É isto o que causa a dor de cabeça”, esclarece Maria José Carrari.

Dificuldades com o 3D

Mesmo as pessoas que apresentam uma visão normal podem ter dificuldades para assistir a produções em 3D, em parte porque não é possível, no mundo real, focar a profundidade dos objetos, como é nos filmes. A adaptação ao uso dos óculos 3D também pode causar algum desconforto, mas para a maioria das pessoas esta sensação é temporária.

“Portanto, é preciso reforçar que uma dor de cabeça forte, de longa duração ou a incapacidade de perceber as imagens em 3D do filme podem indicar um problema ocular. Estes sintomas podem ser uma bandeira vermelha, especialmente em crianças, tornando-se indispensáveis um teste de triagem para anisometropia, estrabismo ou ambliopia”, informa a oftalmopediatra Maria José Carrari.

Para as pessoas que têm problemas com o uso dos óculos 3D, a médica faz uma advertência: “o mais provável é que estejam presentes distúrbios da motilidade ocular dos quais a pessoa ainda não tem conhecimento. Para comprovar o diagnóstico são necessários realizar testes de foria (desvios latentes dos olhos) e de tropia (desvios manifestos dos olhos). Pacientes com tropia, muitas vezes, apresentam também diplopia, mais conhecida como visão dupla, que os impede de perceber os efeitos dos filmes em 3D”, diz. A diplopia pode ser congênita ou pode se desenvolver durante a vida, como resultado de outras doenças sistêmicas.

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