“Um novo estudo mostra que o aumento da longevidade, nas últimas duas décadas, tem sido acompanhado por um aumento ainda maior dos anos de vida livre de incapacidade, graças em grande parte às melhorias na saúde cardiovascular e ao declínio nos problemas de visão. O estudo, produzido pela Universidade de Harvard, foi divulgado pelo National Bureau of Economic Research”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Isto sugere, segundo os dados do estudo, que, depois de atingir a idade de 65 anos, você provavelmente terá mais anos de atividade saudável. Portanto, esta é uma boa notícia para a grande maioria das pessoas que agora pode contar com uma vida mais saudável e livre de deficiências, mas é também uma boa notícia para a ciência porque demonstra a importância dos cuidados médicos apropriados.
O estudo constatou que, em 1992, a expectativa de vida média aos 65 anos de idade era de 17,5 anos, 8,9 dos quais estavam isentos de deficiência. Até 2008, a expectativa de vida total subiu para 18,8 anos. Além do aumento global, o número de anos sem deficiência aumentou, de 8,9 a 10,7, enquanto o número de anos com deficiência caiu, de 8,6 a 8,1.
“Capitaneando essas mudanças, duas grandes áreas de tratamento: a saúde cardiovascular e o tratamento das doenças da visão”, diz o oftalmologista, que é autor do livro Cirurgia de Catarata com Femtosegundo, CICAFE.
Segundo os pesquisadores, tem havido um declínio incrivelmente dramático no número de mortes e incapacidades por doenças cardíacas. Algumas delas são o resultado de menos tabagismo e uma dieta mais adequada, mas estima-se que, metade da melhoria é por causa dos cuidados médicos, especialmente o tratamento com estatinas, que previne ataques cardíacos e ajuda na recuperação das pessoas que tiveram um problema cardíaco.
“Grande parte da melhora da saúde da visão, segundo os pesquisadores, pode ser resumida em três palavras: cirurgia de catarata. No passado, a cirurgia de catarata era muito demorada e tecnicamente difícil. Essa mesma cirurgia hoje pode ser feito em ambulatório, de modo que as complicações e incapacidades são significativamente menores”, explica Virgílio Centurion.
Enquanto um melhor tratamento para as doenças cardíacas e os problemas de visão têm adicionado significativamente esperança de vida e anos sem incapacidades, algumas condições, em particular a demência e os distúrbios neuro-degenerativos, como a doença de Parkinson e condições incapacitantes crônicas como a diabetes continuam a ser uma preocupação.
Para medir a deficiência, os pesquisadores utilizaram dados de um questionário anual aplicado aos beneficiários do Medicare que têm dificuldades com tarefas físicas como caminhar, entrar ou sair da cama ou tomar uma ducha, bem como nas tarefas do dia-a-dia como cozinhar, administrar o dinheiro ou fazer tarefas domésticas.
Ao cruzar as medidas de deficiência com os dados de expectativa de vida, os pesquisadores foram capazes de criar uma medida única, não só de expectativa de vida em geral, mas de quantos desses anos são suscetíveis de serem livres de deficiência.
“Há pesquisas que indicam que parte das pessoas idosas são deficientes, mas nós realmente precisamos saber quando a deficiência surge e em que fase da vida”, defende o diretor do IMO.
Enquanto os dados mostram claramente essas tendências melhorando, os pesquisadores destacam que ainda existem questões adicionais para responder: em particular sobre se esses aumentos são verdadeiros em todos os grupos sócio-econômicos e em todas as regiões geográficas. Dados recentes sugerem que as melhorias têm sido desiguais entre a população.
“Em última análise, porém, o estudo desafia a velha crença de que a velhice como traz problemas de saúde e deficiências que limitam as opções na vida. Antigamente, quando você completava 70 anos, sua única ocupação seria gerir a sua saúde. Agora, você pode cada vez mais viver a vida”, afirma o oftalmologista.