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Plugue ocular reduz inflamação após a cirurgia de catarata

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O primeiro plugue ocular, implantado no canal lacrimal, desenvolvido para tratar a inflamação e a dor, após a cirurgia de catarata, se revelou uma alternativa confiável  ao uso dos colírios. As informações são de um estudo – Evaluation of Sustained-Release Dexamethasone for Safety and Efficacy After Cataract Surgery in a Multicenter Study (PA004) – apresentado durante a reunião anual da Academia Americana de Oftalmologia, que aconteceu  em outubro, em Chicago, EUA.

“O dispositivo, conhecido como um plug punctum, é implantado no final da cirurgia de catarata e  fornece automaticamente a quantidade correta da medicação pós-operatória aos pacientes, o que potencialmente pode resolver a questão da falta de adesão do paciente ao tratamento. Muitos pacientes não conseguem cumprir as recomendações médicas sobre a administração das drogas pós-operatórias”, explica o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Segundo o médico, após a cirurgia de catarata, para a maioria dos pacientes, são prescritos colírios para reduzir a inflamação ocular, que ocorre frequentemente após a cirurgia, mas muitos não instilam o medicamento corretamente ou não são capazes de instilar a posologia recomendada.  Visando melhorar o pós-operatório da cirurgia de catarata, pacientes que fizeram a cirurgia de catarata, em quatro serviços oftalmológicos nos Estados Unidos, foram selecionados para participar deste estudo na fase 2.

Os pesquisadores, então, implantaram os plugues projetados para fazer a liberação sustentada do medicamento para a dor –  dexametasona –  dentro do olho, durante um período de 30 dias, após a cirurgia de remoção da catarata. Após 30 dias, o plugue amolece, se liquefaz, por ser biodegradável, e é eliminado através do canal lacrimal, sem a necessidade de remoção. “Os pesquisadores concluíram que, quando comparado a um placebo, o plugue com a dexametasona proporciona reduções sustentadas de inflamação e de dor por até um mês, após a cirurgia de catarata”, diz Centurion.

Para chegar a essas conclusões, os 60 pacientes participantes do estudo foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um grupo de 30 pacientes recebeu um plugue com placebo e os demais 30 pacientes receberam um plugue com dexametasona. Em vários pontos, ao longo dos 30 dias após a cirurgia da catarata, os pesquisadores avaliaram os pacientes, em ambos os grupos, para detectar inflamação ocular (medida pela presença de células na câmara anterior do olho tratado) e dor.

Eles descobriram que o grupo medicado com dexametasona apresentou significativamente menos dor ao longo dos 30 dias. No primeiro dia, o grupo que recebeu o placebo relatou dor ocular com pontuação média três vezes mais elevada do que o grupo medicado com dexametasona.  No 14° dia, o grupo que recebeu o placebo relatou dor ocular com pontuação média 11 vezes maior que o grupo que recebeu o plugue com o medicamento, permanecendo neste nível de dor até a conclusão do estudo.

A inflamação ocular no grupo medicado com dexametasona também foi significativamente menor do que a do grupo que recebeu o placebo. Por volta do 14° dia, mais de 30% dos pacientes do grupo medicado com dexametasona não apresentava nenhuma inflamação ocular, em comparação com 3% do grupo que recebeu o placebo. Por volta do trigésimo dia do estudo, mais de 60% dos pacientes do grupo que recebeu o plugue com dexametasona não apresentava sinais de inflamação em comparação com 13% dos pacientes no grupo do placebo.

Foi constatado também que menos pacientes no grupo que recebeu a dexametasona exigiram medicamentos anti-inflamatórios adicionais em comparação ao grupo do placebo. Além disso, uma menor percentagem do grupo com o medicamento instilado via plugue relatou ter sensibilidade à luz em comparação aos doentes tratados com placebo, para se ter uma ideia: no primeiro dia (44,8% versus 65,5%) e no quarto dia (37,9% versus 56,7%).

“A maioria dos pacientes que se submete à cirurgia de catarata é de idosos, que podem ter dificuldades para aderir ao tratamento no pós-operatório, com instilação de colírios, por várias razões. Instilar o colírio no olho pode ser difícil para alguns, especialmente para aqueles que têm problemas para segurar firmemente as embalagens  ou para fazer a contagem das gotas sobre o olho.  O plugue elimina essas variáveis e torna a recuperação da cirurgia muito mais fácil para os pacientes”, diz o diretor do IMO.

Com base nos resultados deste estudo, o produto ainda será melhor avaliado em ensaios clínicos de fase 3. O dispositivo já foi aprovado nos EUA e na Europa. “No Brasil, já há um dispositivo similar liberado para o tratamento da retinopatia diabética. Por enquanto, não há previsão de sua liberação para o pós-operatório da cirurgia de catarata”, informa Virgílio Centurion.

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