Os atletas de verão, aqueles que gostam de praticar esportes na praia durante as férias de janeiro, devem observar cuidados especiais com a proteção dos olhos. Os esportes de contato: futebol, frescobol, vôlei de praia, peteca, dentre muitos outros, são considerados esportes de risco. “Os praticantes destes esportes devem incorporar o uso de óculos de proteção para a prática esportiva se tornar uma atividade segura”, afirma o oftalmologista Eduardo De Lucca, especialista em medicina do trabalho, que integra o corpo clínico do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Esta medida é uma ação preventiva importante. Levantamentos realizados no Brasil mostram que 14,1% dos casos de perfuração ocular que chegam aos pronto-socorros são relacionados ao lazer e ao esporte e envolvem contato físico, raquetes, bolas rápidas e esportes aquáticos.
Na mesma linha, uma pesquisa realizada com atletas da National Basketball Association (NBA) revelou que 10% deles tinham algum problema ocular por conta do esporte. Também é americano o estudo que revelou que de 8% a 14% de todos os traumas oculares relacionados aos esportes acontecem em atividades com raquetes. O risco de um jogador de squash, sem óculos de proteção, sofrer um trauma ocular após jogar 12 anos, três vezes por semana, é de 12%.
Decorrentes da prática esportiva sem proteção aos olhos registram-se perfurações do globo ocular, lesões como luxação, hemorragias internas, fratura da órbita e até mesmo deslocamento da retina. “Diante de um incidente numa partida esportiva, onde os olhos são atingidos, o importante é que o atleta seja atendido por um oftalmologista, que poderá avaliar o trauma causado ao olho”, diz o Eduardo de Lucca. O oftalmologista alerta que os óculos de proteção são ainda mais importantes para atletas que têm condições delicadas, “como alta miopia, visão em apenas um olho, pacientes operados recentemente ou que possuem alguma doença ocular”, explica.
Óculos de proteção
A proteção contra impactos nos olhos que podem gerar traumas oculares é feita com o uso de óculos protetores que se encaixam perfeitamente ao rosto dos atletas. Estes óculos possuem lentes que impedem o impacto direto da bola ou até mesmo de outro jogador.
No basquete – esporte que envolve movimentos bruscos e risco de cotoveladas ou empurrões – os óculos de proteção estão bem mais difundidos entre os atletas, principalmente entre os jogadores norte-americanos. “A maioria dos jogadores opta pelo uso de lentes incolores em policarbonato, que resistem a altos impactos e impedem a quebra das lentes sem machucar os olhos. Quando é necessária a correção óptica, os óculos de proteção podem ser confeccionados de acordo com o grau do paciente, mesmo os de natação”, explica Eduardo De Lucca.
Além das lentes, outros acessórios de proteção são importantes durante a prática de esportes de impacto, como hastes flexíveis de borracha anti-deslizante que se fixam na orelha e bordas arredondadas que auxiliam na proteção e evitam que o atleta se machuque ou machuque um adversário se houver contato direto, e o cordão para segurar os óculos.
Esportes praticados no sol
Proteger contra os raios UV e diminuir o desconforto do sol em esportes praticados ao ar livre são também benefícios dos óculos de proteção. Segundo o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor clínico do IMO, “a importância do uso de óculos de proteção que absorvam e reflitam os raios solares durante a prática de esportes é uma questão de prevenção a possíveis doenças oculares”, explica.
Atletas como alpinistas, esquiadores, pescadores e velejadores são expostos a altas doses de raios UV, que atingem os olhos. A luz ultravioleta pode causar sensação de corpo estranho nos olhos, dor e irritação ocular. O desconforto costuma aparecer de seis a dez horas após a exposição aos raios solares. “A incidência direta dos raios ultravioleta no olho humano, ocasiona lesões oculares, que gradual e cumulativamente, podem resultar na perda total da visão. As lesões oculares mais comuns causadas pelo excesso de sol são a queda da percepção de detalhes pela mácula – parte da retina responsável por esta função – e a formação da catarata, problema ocular grave, de maior incidência no mundo”, afirma Virgilio Centurion, que também é presidente da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.