1) Porque o ato de envelhecer não deve ser encarado como algo ruim. Envelhecer é uma conquista. A partir dos 40 anos de idade, a visão começa a dar sinais de mudança… É o que os oftalmologistas chamam de presbiopia. “O ato de envelhecer não deve ser encarado como algo ruim e sim como uma conquista. É uma fase da vida para a qual devemos começar a nos preparar cedo. Afinal, são os nossos atos de hoje que irão assegurar uma terceira idade saudável”, defende o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, IMO. Depois dos 40, os exames oftalmológicos são obrigatórios e imprescindíveis. Devem ser realizados anualmente. Uma das razões para a preocupação com a saúde oftalmológica é o aparecimento da presbiopia, a famosa vista cansada, uma alteração que acontece no cristalino e no músculo ciliar, impedindo o indivíduo de enxergar de perto. “A presbiopia afeta a qualidade de vida e a produção no trabalho. A dificuldade de enxergar de perto faz com que a pessoa afaste, regularmente, os olhos do documento que está sendo lido, ação, que, repetida, várias vezes causa um cansaço excessivo pelo simples atos de ler”, diz Centurion. O uso de lentes corretivas pode compensar a dificuldade, facilmente diagnosticada durante uma consulta oftalmológica rotineira.
2) Porque a cegueira e a incapacidade visual acarretam consequências sociais, psicológicas e econômicas adversas para o indivíduo e para a sociedade. Visando a prevenção do glaucoma, é muito importante ir ao oftalmologista, pelo menos uma vez ao ano, a partir dos 40 anos, para que a pressão ocular seja medida. “Além disso, os que possuem fatores de risco como hipertensão, diabetes e glaucoma na família devem fazer avaliações visuais, de seis em seis meses, para verificação da curva diária de pressão intraocular, do campo visual e da gonoscopia”, recomenda o oftalmologista Juan Caballero, integrante do corpo clínico do IMO. Para ter um bom prognóstico, o glaucoma depende essencialmente do diagnóstico precoce e da prevenção. A única forma segura de evitar suas conseqüências é fazer consultas periódicas com o oftalmologista, ele está preparado para medir a pressão intraocular, bem como examinar o nervo óptico por meio do exame de fundo de olho. Havendo suspeita de glaucoma, ele poderá solicitar exames de campo visual para verificar sua possível diminuição.
3) Porque envelhecer com autonomia requer uma boa visão. Com o avançar dos anos e a entrada na quinta década de vida, a catarata e a degeneração macular devem ser monitoradas por meio de consultas oftalmológicas anuais. “A catarata provoca aumento da miopia, diminuição da hipermetropia e a necessidade constante de mudar o grau dos óculos. É uma doença típica da terceira idade que pode levar a um sério comprometimento da visão, e, à conseqüente incapacidade, se não tratada”, explica Virgílio Centurion, que é membro da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas. Como não existe tratamento clínico para a catarata, a única maneira de impedir o avanço da doença e a perda da visão é a cirurgia de remoção do cristalino opaco dos olhos e a colocação de uma lente intra-ocular artificial. “A perda da visão causada pela catarata pode ser reversível nos casos em que não há outras doenças oculares associadas, como a degeneração macular, a retinopatia diabética ou o glaucoma”, diz Centurion. Por isto, a cirurgia de catarata estará indicada a partir do momento em que o portador de catarata perceber que já não desfruta de uma visão adequada para realizar suas tarefas de forma segura. “No idoso, a diminuição da capacidade visual geralmente se deve a doenças oculares crônicas que vão diminuindo a visão de maneira progressiva. Problemas oftalmológicos estão associados a altas taxas de depressão e a dificuldades para a realização das atividades diárias”, explica Centurion.
4) Porque as moléstias oculares geram limitações que diminuem significativamente a qualidade de vida do idoso. É também com a proximidade dos 50 anos que podem surgir um embaçamento da visão central… uma dificuldade para ler, escrever, costurar e para realizar outras atividades que exijam visão em detalhe. Um esmaecimento das cores, a percepção de uma área escura ou vazia no centro da visão e a alteração do tamanho dos objetos… Os sintomas descritos caracterizam a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Cerca de 2,9 milhões de brasileiros acima de 65 anos hoje têm a qualidade de vida comprometida devido à DMRI. “A doença, que atinge principalmente a população de terceira idade, faz com que detalhes desapareçam, letras se embaralhem e colocar a linha na agulha se torne uma missão impossível. Por serem pacientes com mais idade, que não podem fazer muita atividade física, eles sentem muita falta da leitura”, explica o oftalmologista Juan Caballero. Segundo o médico, a degeneração macular é uma lesão na mácula, que afeta tanto a visão para longe quanto a visão para perto, podendo dificultar e até mesmo impedir a realização de algumas atividades. Na maioria dos casos, a degeneração macular afeta um olho de cada vez, e o paciente só se dá conta de que tem algum problema quando começa a perceber algum dos sintomas já citados. “Entretanto, o oftalmologista pode detectar a degeneração macular em seu estágio inicial, durante uma consulta oftalmológica de rotina”, alerta. A degeneração macular não causa cegueira total, pois, a retina periférica não é afetada. Mas, pode causar uma visão subnormal, problema que os óculos comuns não são capazes de solucionar.
5)Porque as quedas – segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – são a primeira causa de acidentes em pessoas acima de 60 anos. A queda é um evento freqüente e limitante, na terceira idade. É considerado um marcador de fragilidade. Para muitos é a institucionalização do declínio na saúde do idoso. “Desfazer esta impressão é muito importante. As quedas não são apenas decorrentes do envelhecimento. Elas podem significar que há algo de errado com a saúde ou com o ambiente onde o idoso habita”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO. O declínio da acuidade visual é uma das causas mais significativas das quedas em idosos. Com o envelhecimento, o tamanho e a resposta das pupilas diminuem. Ao entrar em um recinto escuro ou sair à noite, o indivíduo idoso tem o risco de queda aumentado, pois o tempo necessário para que o olho senescente atinja um nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa jovem é maior. “Por consequência, indivíduos mais velhos precisam de iluminação adequada para andar com segurança”, diz Centurion. Com o envelhecimento, também pode haver um declínio na percepção da profundidade. A alteração da percepção de profundidade pode levar à quedas associadas com subir e descer escadas. “No processo natural de envelhecimento, a visão, a partir dos 60 anos passa a apresentar sinais de deterioração”, explica o oftalmologista. Evitar a queda é considerado hoje uma conduta de boa prática geriátrico-gerontológica, tanto em casa, quanto em hospitais e em instituições de longa permanência, sendo, para estes dois últimos um dos indicadores de qualidade no atendimento prestado a idosos. “Além disso, evitar que o idoso caia constitui-se numa política pública indispensável, não só porque o evento afeta de maneira desastrosa a vida dos idosos e de suas famílias, como também requer expressivos recursos econômicos no tratamento de suas consequências”, defende Virgílio Centurion.