Na busca por preço baixo, muitas pessoas optam pela compra de óculos de sol em bancas de vendedores ambulantes, no meio das ruas. Na maioria das vezes, a mercadoria adquirida nestes pontos de venda é falsificada. E neste caso, o barato pode sair caro. “O preço não é o melhor parâmetro para avaliar se os óculos que estão sendo adquiridos são de boa qualidade. A população precisa se conscientizar de que o custo social é alto quando se adquire um produto pirata”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor-clínico do IMO, Instituto de Moléstias Oculares;
Os óculos de sol também figuram na longa lista de produtos pirateados que são vendidos no Brasil. Dificilmente, as lentes dos óculos falsificados contêm filtros que bloqueiam a luz ultravioleta. Em vez de protegerem, podem causar lesões na retina e até mesmo levar à catarata. “Óculos vendidos no comércio informal, sem consulta médica, são muito perigosos”, alerta Virgílio Centurion, que também é membro da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas. A pirataria, além de se apresentar como um perigo potencial à saúde humana, dificulta a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. A mercadoria falsificada é oferecida no mercado informal, o que impede a identificação e a responsabilização do vendedor ou do fabricante e a própria comprovação da compra, por não haver emissão de nota fiscal. “No momento em que compramos um produto pirateado, rasgamos o Código de Defesa do Consumidor, que é a forma do cidadão garantir seus direitos e participar da sociedade de consumo”, diz Virgílio Centurion;
Os óculos falsificados chegam bem mais baratos ao mercado por não possuírem tecnologia capaz de filtrar os raios UV. De acordo com estimativas da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abiótica), as falsificações respondem por 50% do número de óculos de sol comercializados no Brasil. A utilização de óculos de sol cujas lentes não ofereçam proteção adequada é considerada mais perigosa do que simplesmente não usar óculos algum. “O olho humano possui mecanismos de defesa naturais que são inibidos pela escuridão proporcionada pelas lentes. A pupila, que automaticamente se fecharia diante da luminosidade, mantém-se dilatada utilizamos lentes escuras. A reação natural do ser humano de fechar os olhos é comprometida pela utilização dos óculos de sol. Portanto, se as lentes não protegem os olhos, os raios ultravioletas passam e afetam a retina mais severamente do que se não estivéssemos usando nenhum tipo de lente”, explica Virgílio Centurion;
“A decisão de compra dos óculos de sol deve levar em consideração, primordialmente, o nível de proteção contra a radiação ultravioleta (UVA e UVB) que as lentes oferecem”, enfatiza a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do IMO. Esta informação deve estar disponível, no momento da compra, seja no adesivo afixado aos óculos ou em livretos contendo informações técnicas sobre o produto. “O comprador deve exigir esta informação”, reforça a médica;
Além de saber o nível de proteção contra a radiação ultravioleta, também deve ser observada no momento da compra a adaptação dos óculos ao rosto. “Deve ser dada preferência às lentes que envolvam bem os olhos ou que impeçam a penetração de luz através das aberturas existentes entre os óculos e o rosto”, recomenda a oftalmologista. A cor das lentes também está relacionada à redução de problemas como enxaquecas, dores de cabeça e fotofobia. “Cores que provoquem pouca distorção da visão e das cores do ambiente, como é o caso, de verde, cinza e marrom são as melhores indicações”, diz a médica Sandra Alice Falvo.