
De acordo com uma pesquisa publicada pelo Centers for Disease dos EUA, cerca de um terço dos usuários de lentes de contato relatou nunca ter ouvido nenhuma recomendação sobre o uso e os cuidados com as lentes dos profissionais de saúde, embora a maioria desses profissionais relate recomendações sobre o uso e o cuidado com as mesmas, sempre ou na maior parte do tempo.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores conduziram duas pesquisas para examinar a educação sobre o uso das lentes de contato. As pesquisas avaliaram as experiências dos usuários de lentes de contato em relação à comunicação com os prestadores de serviços oftalmológicos e as práticas relatadas pelo prestador de serviços para comunicar as recomendações de uso e cuidados com as lentes de contato aos pacientes.
Os pesquisadores descobriram que 32,9% dos usuários de lentes de contato com idade ≥ 18 anos declararam nunca ter ouvido nenhuma recomendação sobre uso e cuidados com as lentes. No geral, 47,9% e 19,8% lembraram que o oftalmologista recomendou não dormir com as lentes e a utilizar apropriadamente a solução de lentes de contato (não substituindo a solução multiuso por soro fisiológico, por exemplo), respectivamente.
A maioria dos profissionais de saúde relatou compartilhar recomendações sempre ou na maior parte do tempo nas consultas iniciais, exames regulares e consultas relacionadas a complicações. Quase todas as recomendações foram compartilhadas pelos provedores de saúde, com mais frequência, nas consultas iniciais e relacionadas às complicações do que nos exames regulares. Em exames regulares, os oftalmologistas recomendam frequentemente o cumprimento das programações recomendadas de substituição de lentes, não dormir com as lentes e não completar a solução (85%, 79% e 64,4% das consultas regulares, respectivamente).
Mais comunicação
“Melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes pode ajudar os usuários de lentes de contato a entender os cuidados oftalmológicos adequados”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares, especialista em retina.
A prescrição médica e o acompanhamento do oftalmologista constituem-se nos elementos primordiais deste processo. Em seguida, destaca-se a adesão do paciente ao tratamento. Estima-se que haja mais de 140 milhões de usuários de lentes de contato no mundo, sendo pelo menos 2 milhões destes no Brasil, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (SOBLEC).
“Durante o processo de adaptação às lentes de contato, o oftalmologista deve ser minucioso nas instruções fornecidas ao paciente sobre limpeza, conservação e troca das lentes. Além de fornecer as orientações necessárias, o oftalmologista deve se certificar da perfeita compreensão do paciente e, em cada consulta, verificar seu conhecimento e conduta, assegurando a adesão às recomendações e a prevenção de complicações”, afirma o oftalmologista Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do IMO.
Os problemas decorrentes do uso de lentes de contato são consequência da falta de observância aos cuidados relacionados à limpeza, desinfecção e conservação das lentes. “A lente no olho do paciente está em contato com restos celulares, partículas oriundas do meio ambiente, substâncias químicas, gasosas, líquidas, proteínas, lipídios, componentes inorgânicos, além de produtos cosméticos. Todas essas substâncias podem aderir à lente, reduzindo o conforto e a tolerância do usuário, bem como a vida útil da lente”, alerta a médica.
Como decorrência do uso inadequado, o problema mais frequentemente relatado pelos pacientes que usam lentes de contato é a alergia. Os agentes causadores da reação alérgica podem ser as próprias lentes, produtos de limpeza, conservantes, proteínas e resíduos que aderem às lentes.