Segundo dados apresentados, recentemente, pela Organização Mundial de Saúde, (OMS), cerca de 60 mil pessoas morrem por ano – a maioria devido ao câncer de pele – por excesso de exposição ao sol. “Todos precisamos da energia solar para viver bem, mas a exposição excessiva ao sol pode ser perigosa e até fatal. A maioria das doenças provocadas pela radiação solar UV – como melanonas, cânceres de pele e cataratas – pode ser prevenida com a adoção de medidas de proteção”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, IMO.
A exposição ao sol, sem proteção, a quantidades excessivas de radiação UV, por um curto período de tempo, pode causar uma ceratite. “É como se fosse uma ‘queimadura’ da córnea, causando dor, vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia e sensação de areia nos olhos”, diz Virgílio Centurion. A exposição prolongada ao sol “aumenta a chance do desenvolvimento de cataratas (opacificação do cristalino), pterígio, câncer de pele nas pálpebras e lesões na retina (degenerações), além de poder causar complicações para alguns tipos de cirurgias refrativas corneanas”, explica o oftalmologista.
Efeitos cumulativos do sol
Os efeitos da radiação UV sob a pele são cumulativos. “Quanto mais você se expõe aos raios UV, maiores serão os riscos, com o passar dos anos, de surgirem problemas de visão. É aconselhável, sempre, o uso de óculos escuros de boa qualidade e que ofereçam proteção adequada aos olhos, não apenas durante o verão, mas durante todo o ano”, afirma a oftalmologista Sandra Alice Falvo, que também integra o corpo clínico do IMO.
Segundo a médica, “bons óculos escuros devem bloquear entre 99-100% as radiações UV-A e UV-B; não devem distorcer imagens ou mudar as cores e devem ter lentes cinzas, verdes ou marrons, capazes de filtrar entre 75-90% da luz visível”, diz Sandra. Os óculos de grau também devem ter proteção UV. “Bonés, viseiras e chapéus oferecem proteção adicional, quando precisamos passar muitas horas sob a luz solar”, destaca a médica.
O pterígio
Causado pelo excesso de exposição ao sol, o pterígio é um processo degenerativo da conjuntiva que pode se estender até a córnea, causando distorção da visão. “Popularmente, é conhecido como ‘carne no olho’. Na maioria dos casos aparece no canto interno do olho (nasal) e, em raras ocasiões, no lado temporal”, explica Sandra Alice Falvo.
O pterígio acomete indivíduos que habitam principalmente países de clima tropical, localizados próximo à linha do Equador e que trabalham expostos ao sol. Assim, a incidência do problema é grande entre pescadores e surfistas.
“Geralmente, o paciente queixa-se de sensação de corpo estranho, ardor ocular e olhos vermelhos. Pode haver também sinais de conjuntivite crônica, espessamento da conjuntiva e sintomas de conjuntivite moderada. O diagnóstico é feito através do exame físico e complementado pelo exame biomicroscópico”, explica Sandra Alice Falvo. O tratamento do pterígio é cirúrgico e pode ser indicado tanto por razões estéticas quanto pela diminuição da acuidade visual.
Esportes praticados no sol
Os atletas de verão, aqueles que gostam de praticar esportes na praia durante as férias de janeiro, também devem adotar cuidados especiais com a proteção dos olhos. Alpinistas, esquiadores, pescadores e velejadores são expostos a altas doses de raios UV, que atingem os olhos. A luz ultravioleta pode causar sensação de corpo estranho nos olhos, dor e irritação ocular. O desconforto costuma aparecer de seis a dez horas após a exposição aos raios solares.
Proteger contra os raios UV e diminuir o desconforto do sol em esportes praticados ao ar livre são benefícios que os óculos de proteção para a prática de esportes oferecem. Segundo o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO, “a importância do uso de óculos de proteção que absorvam e reflitam os raios solares durante a prática de esportes é uma questão de prevenção a possíveis doenças oculares”, explica.