Os atletas míopes, hipermétropes e astigmatas podem ser orientados a corrigir as deficiências de visão por meio do uso de lentes de contato ou de óculos oftálmicos.Com a tecnologia que dispomos é possível desenvolver tipos específicos de lentes corretivas para diferentes modalidades esportivas, empregando materiais leves e resistentes para tolerar fortes impactos. “A modalidade esportiva é que vai determinar quais os óculos que deverão ser adquiridos. O oftalmologista pode auxiliar na escolha, visando garantir proteção e qualidade de visão ao atleta”, afirma o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO.
Para se confeccionar um par de óculos adaptados para a prática de esportes é preciso ter cuidado na hora de escolher a armação, visando garantir que as lentes que proporcionam a correção visual fiquem bem ajustadas ao rosto. O material da armação deve ser resistente para tolerar impactos. É possível contar com modelos de hastes flexíveis e mais anatômicas para que a armação fique cômoda e ao mesmo tempo firme no rosto do esportista. “Os vícios de refração podem ser compensados com o uso de modelos esportivos que acomodem bem lentes com dioptrias. As lentes corretivas podem ser adaptadas em máscaras de mergulho e em óculos de natação”, explica Eduardo de Lucca.
Hoje, estão disponíveis modelos especiais de máscaras de mergulho em que podem ser adaptados variados tipos de lente. “Alguns aceitam qualquer graduação, inclusive lentes bifocais”, diz o oftalmologista. Certos óculos de natação especiais também aceitam altas ametropias.
Uma opção para a prática de esportes terrestres é a máscara com liga, uma tira que passa por trás da cabeça do atleta ao invés das hastes tradicionais. “O modelo proporciona segurança ao atleta, que tem a certeza que seus óculos não vão cair ou se quebrar na primeira bolada que tomar no rosto, por exemplo. Nestes óculos, a armação é feita de um acetato especial e a lente é de policarbonato, altamente resistente a impacto”, explica o oftalmologista. Este modelo é apropriado para jogos como futebol de campo ou salão, basquete, vôlei e squash.
A armação não deve ser escolhida apenas pelo critério beleza, cada uma tem características desenvolvidas para esportes específicos. Para modalidades praticadas em montanhas, como trilha, esqui e alpinismo, existem óculos com proteção lateral para vedar os raios de sol, além de poeira e vento. Os atletas que praticam corrida, ciclismo e vôlei de praia já podem contar com um modelo especial, que tem um clipe óptico.
Proteção para os olhos
Boladas nos óculos e nos olhos… Este é um dos temores da maioria dos atletas, por isto, em alguns esportes, o uso de óculos é obrigatório. É o caso do hóquei, de algumas posições de baseball e do badminton, uma espécie de tênis com peteca, que é uma das modalidades que será disputada durante os Jogos Pan-americanos, no Rio.
No basquete – esporte que envolve movimentos bruscos e risco de cotoveladas ou empurrões – os óculos de proteção estão bem mais difundidos entre os atletas, principalmente entre os jogadores norte-americanos. “A maioria dos jogadores opta pelo uso de lentes incolores em policarbonato, que resistem a altos impactos e impedem a quebra das lentes sem machucar os olhos. Quando é necessária a correção óptica, os óculos de proteção podem ser confeccionados de acordo com o grau do paciente”, explica Eduardo De Lucca.
Além das lentes, outros acessórios de proteção são importantes durante a prática de esportes de impacto, como hastes flexíveis de borracha anti-deslizante que se fixam na orelha e bordas arredondadas que auxiliam na proteção e evitam que o atleta se machuque ou machuque um adversário se houver contato direto, além do cordão para segurar os óculos.
Males do sol
Proteger contra os raios UV e diminuir o desconforto do sol em esportes praticados ao ar livre são também benefícios dos óculos de proteção esportiva. Segundo Virgílio Centurion, “a importância do uso de óculos de proteção que absorvam e reflitam os raios solares durante a prática de esportes é uma questão de prevenção a possíveis doenças oculares”, explica.
Atletas como alpinistas, esquiadores e velejadores são expostos a altas doses de raios UV que atingem os olhos. A luz ultravioleta pode causar sensação de corpo estranho nos olhos, dor e irritação ocular. O desconforto costuma aparecer de seis a dez horas após a exposição aos raios solares. “A incidência direta dos raios ultravioleta no olho humano ocasiona lesões oculares, que, gradual e cumulativamente, podem resultar na perda total da visão. As lesões oculares mais comuns causadas pelo excesso de sol são a queda da percepção de detalhes pela mácula – parte da retina responsável por esta função – e a formação da catarata, problema ocular grave, de maior incidência no mundo”, afirma Virgílio Centurion, que também é membro da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.
Além da proteção contra raios UV, também se deve pensar nas cores das lentes, dependendo do esporte ou da hora escolhida para praticá-lo. Há lentes que permitem maior visibilidade na escuridão, desenvolvidas para esportes noturnos como o ciclismo. Outras proporcionam maior grau de contraste para o praticante de golfe, permitindo que o jogador faça a distinção das nuances do campo com mais clareza.Para esportes aquáticos devem ser escolhidas lentes polarizadas, pois estas funcionam como uma persiana que filtra os raios em excesso, provenientes de superfícies lisas como a água. Já há marcas no mercado que vendem lentes polarizadas, fotocromáticas e com tratamento, que fazem com que a água escorra das lentes ao invés de aderir a elas, o que pode atrapalhar muito em esportes aquáticos.
Diante de um incidente
Decorrentes da prática esportiva sem proteção aos olhos registram-se perfurações do globo ocular, lesões como luxação do cristalino, hemorragias internas, fraturas da órbita e até mesmo deslocamentos da retina. “Diante de um incidente numa partida esportiva, onde os olhos são atingidos, o importante é que o atleta seja atendido por um oftalmologista, que poderá avaliar o trauma causado ao olho”, diz o Eduardo de Lucca.
O oftalmologista alerta que os óculos de proteção são ainda mais importantes para atletas que têm condições delicadas, “como alta miopia, visão em apenas um olho, pacientes operados recentemente ou que possuem alguma doença ocular”, explica.