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De repente, a visão começa a ficar embaçada e as imagens ficam distorcidas. “É a velhice”, é o que muitos pensam. De fato é, mas é exatamente por isso que este sintoma exige atenção e busca por tratamento. “Hoje, o oftalmologista trabalha o tempo todo para desmistificar a ideia que enxergar mal é algo inerente ao processo de envelhecimento. Avançamos muito, por exemplo, na catarata. Hoje, são poucos os que esperam a doença amadurecer para buscar tratamento. Temos um grande desafio ainda a ser vencido quando o assunto é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), pois os que sofrem com a doença pensam que a velhice retira mesmo a nitidez da visão”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

O desafio é grande mesmo, pois com os indicadores sociais que apontam para um envelhecimento cada vez maior da população brasileira, esta doença tende a ser mais prevalente. “A degeneração macular relacionada à idade atinge especialmente pessoas com mais de 60 anos e pode levar à cegueira se não for tratada”, alerta Virgilio Centurion. Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e cerca de 30% das com mais de 75 anos tenham a doença no mundo. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos sofrem com o problema no Brasil.

A doença atinge a mácula, a área nobre e central da retina, responsável por enxergarmos os detalhes e as cores. Com o envelhecimento, a região recebe menos oxigênio e, para compensar essa deficiência, os vasos sangüíneos começam a se reproduzirem descontroladamente. “Eles se rompem e causam uma mancha que prejudica a visão”, explica Centurion, ao explicar uma das formas da doença – a forma úmida ou exsudativa. Já em sua forma seca, a mácula se degenera – também pela falta de oxigênio – e forma uma cicatriz, que causa perda da visão central.

Atualmente, existem tratamentos somente para a forma úmida, que atinge a menor parcela dos pacientes, cerca de 10% dos que têm a mácula degenerada. “A forma seca interfere menos na acuidade visual e ocorre mais lentamente, mas, por não ter cura, deve ser diagnosticada o quanto antes”, alerta o médico.

Avanços no tratamento da doença

Todo mês de dezembro, a revista Science destaca os dez maiores avanços científicos do ano. Em 2006, uma droga para o tratamento da degeneração macular figurava entre as maiores descobertas científicas dos últimos tempos.

Em outubro de 2006, foram publicados dois estudos clínicos no The New England Journal of Medicine, mostrando que um medicamento, o ranibizumab melhora a acuidade visual de cerca de 30% dos portadores das formas mais graves de degeneração macular e interrompe a progressão da doença na maioria dos outros. A publicação serviu como argumento para o FDA (Food and Drug Admnistration) liberá-lo para comercialização nos EUA.

O ranibizumab é um anticorpo monoclonal que tem o objetivo de neutralizar uma proteína (VEGF) que estimula a proliferação de vasos sangüíneos, processo envolvido na gênese da doença.

“O tratamento da DMRI já passou por várias fases, incluindo fotocoagulação a laser, remoção cirúrgica da neovascularização, translocação macular, terapia fotodinâmica (TFD) com verteporfina (Visudyne) e, atualmente, a injeção intravítrea de antiangiogênicos”, explica o oftalmologista Juan Caballero, especialista em retina que integra o corpo clínico do IMO.

Segundo o médico, o tratamento da DMRI exsudativa com injeções intravítreas de ranibizumab representa a melhor alternativa terapêutica que dispomos hoje. São muitos os estudos multicêntricos que destacam seus resultados. “Após anos e anos de evolução no tratamento da degeneração macular, esta é a primeira vez que o paciente tem um ganho real de visão”, afirma Juan Caballero.

A ressalva em relação ao tratamento concentra-se no seu alto custo. O uso de injeções mensais, por no mínimo 24 meses, representa um grande impacto financeiro na vida dos pacientes. “Regimes alternativos de aplicações são buscados de modo a ter a mesma eficácia, porém com um custo menor e também com diminuição do risco de efeitos adversos. O uso de terapias associadas vem sendo testada em todo o mundo”, diz Caballero.

Mais investimentos em prevenção

Ainda que não haja uma única causa conhecida para a origem da doença, sabe-se que a idade é o principal desencadeador do problema e que existem outros facilitadores da degeneração macular, como por exemplo, o excesso de colesterol no sangue.

Fumantes têm mais propensão à doença, pois o cigarro acelera a oxidação do organismo e favorece a formação de drusas, que são acúmulos de substâncias nas camadas mais profundas da retina. “As drusas são fortes indicativos de que há propensão para a degeneração macular e mostram que o metabolismo está envelhecendo e não tem mais condições de eliminar as substâncias que produz. A exposição à luz solar também pode desencadear a oxidação na mácula, por ocasionar morte celular na região e degenerá-la. Por isso, deve-se, sempre, usar óculos de sol com proteção contra os raios que possam lesionar a retina”, reforça Virgilio Centurion, que também é membro da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas.

Por enquanto, a prevenção da doença é o exame oftalmológico de rotina, que deve ser feito pelo menos anualmente, onde o oftalmologista pode solicitar exames complementares, como a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica (OCT). “O autoexame de retina também auxilia o diagnóstico precoce. Há necessidade de campanhas para a educação dos pacientes, especialmente os idosos, sobre a existência da doença”, diz Centurion.

Outra forma de prevenção está ligada à  ingestão de zinco e antioxidantes, como a luteína e o ômega 3, juntamente com a redução da ingestão de gorduras.

“Temos muito a fazer com o objetivo de prevenir o surgimento da degeneração macular. É preciso envolver o oftalmologista generalista e o paciente, visando capacitá-los a realizar a detecção precoce da DMRI, quando as chances de melhora da visão e controle da doença são maiores. São necessárias também ações educativas após o diagnóstico da doença, para que o paciente faça o tratamento adequadamente e mantenha a monitorização do olho remanescente”, destaca o diretor do IMO.

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